ISSN 2359-5191

03/09/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 74 - Saúde - Faculdade de Medicina
Boa qualidade do ar não diminui risco de doenças

São Paulo (AUN - USP) - Mesmo se a qualidade do ar das grandes cidades estiver nos índices considerados satisfatórios, ainda há riscos para o desenvolvimento de doenças. E a exposição constante a esses ambientes pode influenciar tanto no crescimento dos casos de câncer de pulmão como nos de câncer de mama. São essas as constatações de pesquisas desenvolvidas no Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP, como nos contam as pesquisadoras Ana Júlia Lichtenfels e Mariangela Macchione. Isso ocorre porque partículas presentes nesse ar podem agir diretamente sobre os hormônios – no caso do câncer de mama – ou sobre as próprias estruturas do órgão – no caso do pulmão.

Os estudos foram realizados em camundongos colocados em câmaras de intoxicação. Os animais foram divididos em dois grupos: o primeiro foi exposto ao “ar de São Paulo”, reproduzido no laboratório através de motores a álcool, gasolina e diesel, que simulariam os gases emitidos por carros, ônibus e caminhões. O segundo foi exposto a uma atmosfera de melhor qualidade. Depois de um determinado período vivendo sob os efeitos daquele ar, ambos foram comparados.

Concluiu-se que certas partículas tóxicas são capazes de imitar o estrógeno, hormônio feminino, que em grande concentração no organismo aumenta os riscos do desenvolvimento de câncer de mama. Sendo assim, em ambientes poluídos, a probabilidade de haver uma maior quantidade desse hormônio no corpo é maior do que em locais com boa qualidade do ar. Para as mulheres que vivem nos grandes centros urbanos, portanto, existe uma maior probabilidade do desenvolvimento da doença.

Também foi verificado que os camundongos colocados nas câmaras de intoxicação que reproduziam o ar da cidade de São Paulo tiveram uma maior inflamação do pulmão. A conseqüência observada no pulmão dos ratos, portanto, pode ser a mesma que ocorre nos paulistanos, os quais vivem todos os dias em contato com esse ar. Uma das causas é o dano causado no transporte muco-ciliar, afetado pelas partículas tóxicas no pulmão. Esse órgão é revestido por células encarregadas de produzir uma secreção – o muco – e de fixar as partículas estranhas que chegam com o ar. Essas são transportadas através do movimento coordenado dos cílios, de uma forma semelhante a uma escada rolante, e depois expelidas ou engolidas.

Contudo, as partículas nunca param de entrar no pulmão e como a qualidade do ar não melhora, o muco acaba se tornando mais espesso, porque as células secretoras aceleram a sua produção na tentativa de defender o organismo. Isso dificulta a ação dos cílios e o transporte se torna mais lento. A partícula parada no muco acaba por entrar nas células que revestem a traquéia (chamadas de epitélio), causando as inflamações. Por causa da exposição em tempo integral a esse ar poluído, pessoas predispostas a ter doenças respiratórias, como asma, possuem muito mais chances de desenvolvê-las se residirem nas grandes cidades.

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