São Paulo (AUN - USP) - A atual configuração mundial de poder, expressa por grupos como G4 e G20, não é suficiente para resolver os desafios do século XXI. A análise foi feita recentemente pelo membro permanenente do Grupo de Análise de Conjuntura Internacional da USP, Carlos Eduardo Lins da Silva, durante o seminário “A configuração mundial do poder” na FEA-USP (Faculdade de Economia e Administração da USP).
“Ninguém pode concordar que o Conselho de Segurança da ONU representa a atual conjuntura internacional”, comenta o pesquisador, que acredita, sem muitas esperanças, na necessidade de participação das economias emergentes. Para isso, Silva acredita que apenas uma “revolução” nos quadros da ONU poderia melhorar sua representatividade global. “O mais provável de acontecer é um espécie de Gtodos ou Gzero”, arrisca.
Enquanto não há uma mudança na representatividade mundial dentro da ONU ou o surgimento de uma nova potência global, a tendência, na visão de Silva, será de que estas potências, em especial os EUA, elejam alguns parceiros estratégicos para assuntos específicos. São países em desenvolvimento que se mostram mais aptos para determinadas questões de interesse global, como a Rússia com a questão nuclear, e a China em relação ao caso da Coréia do Norte.
De acordo com Silva, crises como a de 2008 e a questão climática somente aceleraram um processo de deterioração da hegemonia estadunidense, após o 11 de setembro, quando o país “mostrou [sua] incapacidade de controlar um país como o Iraque”. Os atuais problemas de interesse global necessitam exclusivamente de medidas coletivas e da organização da comunidade internacional.
Carlos Eduardo Lins da Silva, editor da Revista de Política Externa, é livre-docente e doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo e mestre em Comunicação pela Universidade Estadual de Michigan. É presidente do Conselho Acadêmico do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais da Unesp e membro titular do Grupo de Análise de Conjuntura Internacional da USP.