São Paulo (AUN - USP) - Uns dos pontos mais discutidos no Foro “Residência em Medicina Veterinária no Hospital Veterinário (HOVET) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ-USP)” foi o fato de a residência em Medicina Veterinária ser considerada uma residência não médica. Com isso, ela não tem uma regulamentação nacional, com uma legislação que a dirija. O foro, que ocorreu no último dia 9 de setembro, foi organizado pelo conselho de Residência e pela Diretoria do Hospital Veterinário.
De acordo com o professor Luis Claudio Lopes Correia da Silva “só se fala em residência multiprofissional (englobando diversas áreas)”, deixando de lado o desenvolvimento do profissional da saúde individualizado. O evento foi realizado no Anfiteatro Altino Antunes e durou o dia inteiro com palestras sobre a situação da Residência em Medicina Veterinária, não só no HOVET da FMVZ, mas também em todo o Brasil.
Na primeira apresentação, o professor Carlos Eduardo Larsson, presidente do Conselho de Residência, traçou o histórico da residência na FMVZ desde sua criação em 1983. De acordo com ele, o modelo adotado foi “espelhado” no utilizado pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP (Universidade Estadual de São Paulo) de Botucatu.
O programa de Residência da FMVZ tem duração de dois anos e o bolsista tem que cumprir uma carga horária mínima de 1760 horas anuais. Dessas, 80 % são com atividades práticas. As bolsas são, em sua maioria, subsidiadas pela Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, por intermédio da FUNDAP (Fundação do Desenvolvimento Administrativo). Há também aquelas que são subsidiadas pela iniciativa privada.
Existem algumas resoluções do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) que tentam de alguma maneira regulamentar a residência desta área no país, de forma voluntária. Porém, por serem apenas resoluções, não impedem que uma instituição mantenha um programa de residência, mesmo que este não seja reconhecido pelo CFMV, como ocorre com dois terços dos programas de residência do Brasil.
Esse não reconhecimento faz com que a residência em Medicina Veterinária seja deficiente, levando-se em consideração todo o país. Primeiro por não criar um padrão de qualidade, pois não tem regulamentação, fiscalização. Como disse o professor Luis Claudio da Silva: “é como se uma instituição de ensino criasse um curso de graduação sem a aprovação do MEC”.
Além disso, não se estimula a implementação de um processo que é importante na formação do profissional. São cerca de 160 cursos de Medicina Veterinária no Brasil e 60 programas de residência. Apenas 4 % dos formandos têm essa possibilidade.
“A residência preenche um espaço deixado pela graduação”, afirmou a professora aposentada Mitika Kuribayashi Hagiwara. Ela considera a graduação em Medicina Veterinária muito generalista, o que faz com que a residência dê um grau maior de especificidade à formação do profissional.