São Paulo (AUN - USP) - O tempo em que sua mãe entrava no quarto e gritava "desliga o computador e vai ler um livro" está acabando. A mais nova aposta do mercado editorial brasileiro é a aproximação entre o mundo virtual e o universo da leitura.
A menina dos olhos, tanto de editores visionários como de cientistas da computação, é a chamada “Realidade Aumentada”. “Essa tecnologia é o começo de um grande sonho: trazer para o mundo real os objetos ou construções do mundo virtual”, explica o professor Roberto Hirata Jr., do Instituto de Matemática e Estatística da USP.
Inúmeros lançamentos da última Bienal do Livro de São Paulo utilizam esse tipo de tecnologia. Na maior parte dos casos, a realidade aumentada estava presente em livros infantis, trazendo, na última capa, jogos nesta plataforma. Para brincar, bastava um computador e uma webcam.
Realidade aumentada?
A idéia básica por trás da realidade aumentada é ampliar a interação do usuário com o computador, através de inúmeros dispositivos – e não apenas o teclado e o mouse. O exemplo mais comum é o uso de câmeras, como nos jogos que estão saindo nos livros. Com a webcam, é possível filmar a realidade e fazer com que, na tela do computador, apareçam elementos virtuais que interajam com o mundo real.
“Porém, outros dispositivos de entrada podem ser igualmente válidos: sensores de pressão, microfones, sensores de temperatura ou até sensores de cheiro”, revela Hirata. Isso pode ser ainda mais estimulante com o uso de óculos especiais. Neste caso, os elementos virtuais são projetados na própria lente. Basta colocar um par deles e, enquanto atravessa a rua, você vê um rinoceronte de motocicleta. E não precisa nem se assustar. O mamífero está projetado nas lentes dos óculos. Se você tirá-los, vai ver que o bicho motorizado não existe.
Pode parecer, mas realidade aumentada não é ficção científica, como nos filmes "Guerra nas Estrelas", em que o meio de comunicação mais comum era o holograma – notadamente, um exemplo clássico, afinal se trata de um elemento virtual que interage com a realidade. O futebol, por exemplo, já está usando a tecnologia. Aquela linha imaginária que aparece na TV para mostrar o impedimento dos jogadores também é realidade aumentada.
A perspectiva é que essa nova tecnologia seja uma forte tendência. “Eu vejo uma miríade de implicações e aplicações práticas [da realidade aumentada] na área de segurança, divertimento, saúde, esportes e negócios. Existem alguns exemplos no twitter do @kohdspace”, diz Hirata. Enquanto a RA, como é chamada carinhosamente pelos mais íntimos, ainda engatinha no Brasil e no mundo, é no mercado editorial que ela encontrou um interessante nicho.
A partir de agora, ler um livro vai ser diferente. Além da concentração, o computador também não poderá faltar.