São Paulo (AUN - USP) - Enquanto nos EUA a moda entre o círculo de amigos de Bill Gates é doar mais de metade de suas fortunas pessoais para a filantropia, no Brasil a moda é a “pilantropia”. Essa é a visão que a professora Graziella Comini apresentou na FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade).
Em aula aberta sobre a constituição dos três setores no Brasil, a pesquisadora do CEATS (Centro de Economia e Administraçao do Terceiro Setor) afirmou que “a falta da cultura da filantropia no Brasil” e a “relação promíscua entre organizações [não governamentais] e Estado, abre espaço para a pilantropia”. Contudo, a professora destaca que o país é referência mundial no terceiro setor, graças à criatividade na solução de problemas e na grande variedade de problemas sociais identificadas no território nacional.
Comini definiu as organizações não-governamentais como “organizações privadas, sem fins lucrativos, cuja atenção é dirigida a finalidades coletivas ou públicas” e examinou sua atuação nos últimos vinte anos. Para a pesquisadora, o principal trunfo do terceiro setor no Brasil é a facilidade de encontrar soluções com orçamentos tão limitados nas mais diversas áreas sociais, o que torna o país referência internacional no meio. Estudantes e “ongueiros” do mundo todo buscam estágios e intercâmbios nas ONGs do país para aprender o "jeitinho brasileiro".
A italiana Cinzia Scanu, 25 anos, concorda com a professora e espera se mudar para o Brasil até o final de 2011 para trabalhar no terceiro setor. A jovem que já trabalhou voluntariamente em Moçambique por seis meses almeja fazer carreira no país.
“Só preciso juntar dinheiro que me mudo para o Brasil com certeza”, declarou empolgada a siciliana.