São Paulo (AUN - USP) - A pouco mais de um mês das eleições para presidente da república, os cidadãos mais uma vez se deparam com a difícil missão de escolher um candidato e um partido sem ter uma clara idéia de qual é, de fato, seu programa de governo. O jornalista político Sérgio Praça afirmou semana passada em debate aberto organizado por estudantes da FEA-USP que a falta de clareza em programas partidários não é por acaso e auxilia a formação de alianças políticas prejudiciais ao Estado brasileiro.
Ao analisar os mecanismos de criação de alianças políticas no Brasil e sua ligação com a corrupção, Praça destacou que o não posicionamento de partidos brasileiros para questões fundamentais do país facilitam alianças partidárias promíscuas, cuja finalidade é a própria manutenção de influência por parte de partidos e políticos ao invés do bem da nação.
“Ninguém sabe o que passa na cabeça do Michel Temer, nem mesmo ele sabe”, afirmou o jornalista ao analisar a maneira como PMDB se alia ora ao PSDB e ora ao PT.
A disputa pelo PMDB
Praça, que também é cientista político, explicou a grande importância que o PMDB possui no cenário político atual, na qual possui a maior bancada na câmera dos deputados, 17,5%, e no senado, 21%. Naturalmente, PT e PSDB buscam seu apoio para viabilizar a governança. No Brasil, para uma lei ser aprovada deve possuir mais de 50% dos votos, já uma nova emenda constitucional deve ter aprovação de 60% da bancada em duas votações.
Em troca do apoio do PMDB, o PT oferece o controle de alguns ministérios e conseqüentemente de cargos de confiança. O jornalista frisou que isto não é ilegal, portanto não é corrupção. A corrupção aparece na distribuição de cargos de confiança e na aprovação de emendas constitucionais, nas quais muitas vezes o deputado paga propina para ter sua emenda aprovada.