São Paulo (AUN - USP) - O Programa de Saneamento Básico (PROSAB), do qual fazem parte universidades de várias partes do Brasil, continuará existindo no governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva. O programa, iniciado no governo FHC, estuda alternativas tecnológicas de baixo custo para a área de saneamento básico. Estas alternativas podem ser implantadas em comunidades pequenas, resolvendo os problemas de saneamento que elas apresentam.
Redes cooperativas de pesquisa atuam na elaboração dos projetos do programa. As instituições da USP que participam do PROSAB são a Faculdade de Saúde Pública da USP, a Escola Superior de Agronomia “Luiz de Queiroz” e a Escola de Engenharia de São Carlos. Elas trabalham em um projeto experimental de desinfecção de esgoto sanitário e aplicações em irrigação de cultivos agrícolas, piscicultura e hidroponia, na cidade de Lins (SP).
O PROSAB atua em quatro áreas: água, esgoto, lodo (formado em estações de tratamento de água e esgoto) e lixo, sendo que na área de esgoto situa-se a pesquisa realizada pelas faculdades da USP. Os editais do programa, sendo o primeiro de 1997, propõem um tema para cada área. Lançado o edital, as instituições de pesquisa apresentam seus projetos que, uma vez aprovados, passam a ser financiados pela Caixa, FINEP e CNPq.
O projeto do município de Lins é realizado nas instalações da Sabesp, o que permite testar se o novo sistema desenvolvido é aplicável. No local há um sistema australiano de tratamento de esgotos composto por três módulos de lagoas anaeróbias (decomposição do esgoto bruto ocorre na ausência de oxigênio) seguidas de lagoas facultativas fotossintéticas (nestas lagoas algas produzem oxigênio a ser consumido por bactérias decompositoras). O material decomposto nestas lagoas é separado e passa por três tipos de desinfecção: radiação ultravioleta, ozônio e cloro. Após a decomposição, ocorre a análise dos efluentes para a comparação da resistência dos coliformes fecais e microorganismos parasitas à ação dos agentes desinfetantes.
Os esgotos desinfetados são utilizados para irrigação de plantações de milho, girassol e café em áreas anexas à estação de tratamento. O crescimento destas plantas foi bom, mas os cientistas observaram que no caso do milho as plantas têm mais dificuldade de absorver o nitrogênio do esgoto do que do adubo convencional.
A criação de tilápias enfrentou dificuldades em seu início porque os peixes não resistiam à alta concentração de amônia e à alteração do PH do esgoto. Os peixes conseguiram manter-se vivos quando o PH foi mantido em sete, índice no qual a amônia é menos tóxica. Mesmo assim, foi observado um crescimento menor dos peixes, além de haver contaminação no músculo deles. Os pesquisadores estão estudando medidas para reverter tal problema.
Foi bem sucedida a aplicação do esgoto tratado na produção de flores por hidroponia. Crisântemos e Gipsofilas não tiveram crescimento diferenciado das plantas que recebem solução nutritiva convencional.
Segundo o coordenador do PROSAB dentro da Faculdade de Saúde Pública, Roque Passos Piveli, o cloro foi o agente desinfetante que apresentou a melhor viabilidade técnica e econômica, seguido pela radiação ultravioleta. A aplicação de ozônio foi a mais custosa além de não apresentar os resultados esperados.
Um novo edital do programa será lançado ainda neste ano. A USP, que entrou no programa no lançamento do terceiro edital, aguarda a exposição do tema para saber se deve ou não continuar no PROSAB.