ISSN 2359-5191

23/05/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 07 - Saúde - Faculdade de Medicina
Radiação provoca doença crônica no intestino

São Paulo (AUN - USP) - Proteger o intestino e tentar retardar o caso crônico da doença causada pelos efeitos da radiação nesse órgão. Esse é o objetivo de uma das pesquisas conduzidas pelo professor Marcelo Mester, da Faculdade de Medicina da USP.

Mester iniciou suas observações sobre os efeitos da radiação no intestino em 1987. Após o acidente ocorrido em Goiânia com césio, nesse mesmo ano, o interesse internacional sobre radiatividade aumentou consideravelmente. Pacientes que precisam tratar casos de câncer próximos ao intestino, por exemplo, recebem doses muito grandes de radiação. Podem sofrer, depois, de uma doença crônica nesse órgão.

As pesquisas de Mester são feitas com animais de experimentação. Depois de submetidos à radiação na região que circunda o intestino, eles passam por diversas fases na evolução da doença. Em princípio parecem não ter nenhum problema, mas meses depois o intestino apresenta destruições irreversíveis. Em cerca de três dias após o aparecimento das lesões o rato já perdeu de 20 a 30% de seu peso original. O intestino tornou-se mais espesso, houve dilatação de canais linfáticos, aparecimento de feridas e sangramento.

O mesmo problema verificado em cobaias é encontrado nas pessoas. O pesquisador afirma que, apesar de ser algo bastante complicado, é bom perceber que as cobaias e os humanos respondem da mesma forma à radiação, pois isso permitirá avanços nos experimentos, o que poderá ajudar no tratamento da doença.

Há órgãos que têm alta replicação celular e por esse motivo são mais sensíveis à radiação. As gônadas e o intestino, por exemplo, têm células em constante divisão e por isso sofrem seus efeitos de forma mais intensa.

Segundo o pesquisador, essa doença se manifesta independentemente do tratamento a que seja submetido o paciente. Má absorção de alimentos pelo intestino e obstrução intestinal são apenas alguns dos problemas enfrentados pelo doente. Sangramentos, fístulas e mudança na espessura do intestino também são observados em humanos nesse estágio da doença.

De acordo com Mester essa enfermidade é irreversível. Assim, o que se pode fazer é estudar os mediadores moleculares para poder bloquear ou reverter minimamente a situação. Quando a lesão já foi provocada o que resta é tentar estimular, na fase crônica da doença, a produção de células no intestino. Tentar proteger o órgão da radiação, no entanto, ainda é o mais indicado.

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