São Paulo (AUN - USP) - Um dos maiores problemas ambientais da atualidade é o de espécies marinhas, carregadas na água usada como lastro dos grandes navios, que se fixam em outras regiões e causam impacto na biodiversidade, pesca e saúde das populações costeiras. O professor Makoto Arai, da Universidade Nacional de Yokohama (YNU), apresentou na Escola Politécnica (Poli-USP), no dia 17 de setembro, uma solução simples e inovadora para por fim a esse problema. Uma tecnologia que faz com que a água do lastro seja trocada continuamente, se mantendo semelhante à da região, com pouco gasto de energia e sem ocupar o espaço da carga.
Os grandes navios precisam de peso (lastro) para poderem navegar com estabilidade e segurança. Quando a embarcação está carregada, as mercadorias fazem essa função, porém quando está vazia é necessário consegui-lo de algum jeito. Essa é uma questão antiga, as naus portuguesas vinham ao Brasil carregando pedras e retornavam com mercadorias. Atualmente os cargueiros utilizam água, eles a captam no porto de origem e depois a despejam quando forem ser carregados em outra localidade.
A água de lastro pode ser extremamente danosa para o meio ambiente. Junto com ela são carregados ovos, bactérias, algas, crustáceos e uma infinidade de outros seres. Por estarem adaptados a outros climas, ambientes e fora da cadeia alimentar local, não encontram predadores e se reproduzem descontroladamente prejudicando a fauna da região.
Eles diminuem a biodiversidade concorrendo com as espécies nativas. Prejudicam a economia, pois podem extinguir seres com valor comercial como crustáceos ou peixes. Podem transmitir doenças graves, prejudicando as populações costeiras. O problema é agravado pelo fato de ser uma quantidade monstruosa de água, um grande petroleiro pode levar mais de 60 milhões de litros.
Já foram aprovadas legislações limitando a quantidade de matéria orgânica presente no lastro, mas mesmo dentro do limite ainda existe risco de contaminação. Alguns navios modernos possuem refinarias que esterilizam a água. Esse método possui uma série de problemas. Demanda uma adaptação cara dos navios mais antigos. Reduz o espaço destinado a carga, o que significa menores lucros. E utiliza uma grande quantidade de energia o que aumenta o gasto com combustível.
A solução proposta pelo professor Arai consiste em um tanque de lastro com três furos, que podem ser fechados, dois na frente da embarcação e um logo atrás da hélice. Quando o navio se desloca o movimento da hélice produz uma zona de baixa pressão que suga o líquido do tanque que é substituído pela que entrou nos dois furos da frente fazendo com que a água do lastro seja sempre igual a da região que o barco se encontra. Outra vantagem, esse método é facilmente adaptável a todas as embarcações, com baixo custo de instalação sem ocupar o espaço da carga.