São Paulo (AUN - USP) - “Aconteceu e Daí” será realizado na Faculdade de Saúde Pública – FSP, baseado nos resultados do estudo pioneiro desenvolvido na USP em parceria com a CNPq e o Ministério da Saúde, dia 4 de novembro das 13 às 18 horas. A pesquisa que iniciou em 2008 , tinha o intuito de desvendar o que jovens e profissionais da saúde pensam sobre a contracepção de emergência ou a chamada pílula do dia seguinte. As informações coletadas serviram de base para desenvolver um programa educativo para a população em geral.
O estudo foi feito com 300 adolescentes entre 12 e 20 anos e 60 profissionais da saúde. A pesquisa foi realizada na região de M Boi Mirim, devido a população de baixa renda ser a mais propensa a gravidez indesejada. O método utilizado para realizar as entrevistas foi contar seis histórias relacionadas ao uso ou não da pílula do dia seguinte aos participantes, que expunham sua opinião sobre as atitudes tomadas pelos personagens. As histórias envolviam desde casos de descuido com a camisinha a estupro.
Segundo o coordenador do estudo, Fernando Lefevre, a pesquisa revelou desinformação dos profissionais de saúde somada a preceitos morais e religiosos. Enquanto uma parte tem medo de recomendar a utilização da pílula por acreditarem que o emprego dela pode induzir a sexualidade e a promiscuidade, outros disseram não recomendar por serem contra o aborto. No entanto, Lefevre explica que este posicionamento é reflexo de desconhecimento, pois a pílula não é abortiva. O contraceptivo impede a fertilização do óvulo pelo espermatozóide, no entanto, caso o espermatozóide já tenha sido implantado ele não evitará a gravidez.
Embora a pesquisa tenha revelado que a maioria dos jovens era a favor da pílula, mostrou também que eles não conheciam bem o seu funcionamento. Menos de um quinto disseram que o método deveria ser utilizado somente em situações de emergência. Apesar disso, o professor considerou as respostas empregadas pelos jovens de alta elaboração, demonstrando que eles pensam sobre o assunto, desmistificando a ideia de que não se preocupam com as conseqüências.
Fernando chama a atenção para um problema recorrente da contracepção de emergência- quando ela é usada como um contraceptivo comum. Como alguns profissionais da saúde não a indicam e o adolescente tem até 72 horas para ingerir a pílula, os jovens recorrem a farmácia e seguem recomendações de balconistas o que acarreta , em alguns casos, em um uso sem controle.
Apesar da pílula ser distribuída pelo Ministério da Saúde desde 2002 e evitar cerca de 30 % dos abortos clandestinos no país, o que se pode concluir é que ainda existe muita desinformação. A relevância do projeto, está em procurar levar informação sobre um assunto que gera confusão e esbarra em questões éticas, morais . Como resultado do estudo, será lançado no começo do próximo ano o livro “ Aconteceu e Daí” que será distribuído gratuitamente entre a população, além de cartilhas para profissionais da saúde e um programa educativo multimídia intitulado “Dia@ Seguinte” que abordará de forma interativa as respostas dos entrevistados sobre as histórias fictícias, aproximando-os com a opinião do telespectador.