ISSN 2359-5191

19/10/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 87 - Saúde - Instituto de Ciências Biomédicas
Laboratório da USP desenvolve vacina para combater o principal causador de infecções respiratórias

São Paulo (AUN - USP) - A equipe do laboratório de agentes virais do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, coordenado pelo professor Armando Morais Ventura, acaba de passar para um novo estágio nas pesquisas para desenvolver a vacina que combaterá o vírus sincicial respiratório humano (HSRV). Apesar de pouco conhecido, é o maior causador de infecções respiratórias e responsável por 40% das internações hospitalares por esse tipo de problema.

O vírus foi descoberto em 1957 e atinge sobretudo seres humanos. Sua gravidade varia de acordo com a imunidade do indivíduo. Por isso, causa maior número de mortes em crianças e em vítimas da desnutrição. Um desdobramento da infecção do vírus é a bronqueolite, que afeta diretamente as populações mais pobres com deficiências alimentares.

A primeira vacina para o vírus foi desenvolvida na década de 1960 e testada em crianças. O resultado foi trágico. Ao invés de proteger, a vacinação intensificou a ação dos agentes virais, provocando morte e graves infecções dos “Imunizados”. Na época, a imunização contra o virus influenza (causador da gripe) havia sido desenvolvida com sucesso. Infelizmente, o HSRV reagiu diferentemente ao processo e os testes se anteciparam. O acontecimento foi importante inclusive para intensificar os cuidados nas provas de medicamentos.

A produção da vacina para o vírus influenza é feita através do processo denominado ovo embrionário, que consiste em desenvolver o DNA do vírus em uma bactéria, de forma a produzir uma proteína, posteriormente multiplicada através da clonagem. Com esse material, é desenvolvido o soro que gera a resposta imunológica protetora no indivíduo. No entanto, o HSRV não produziu essa resposta quando submetido ao mesmo processo.

Desde então, a busca da comunidade científica tem sido encontrar uma maneira de fazer com que o vírus sincicial respiratório humano produza proteção imunológica. A equipe do professor pode ter encontrado a solução para esse mistério. Seu grupo de pesquisa é focado há anos nesse vírus. Além de estudar a sintetização de medicamentos para seu combate, há o interesse acadêmico e científico em pesquisar suas características biológicas.

Através da pesquisa de uma orientanda, o grupo percebeu que, a partir da identificação de alguns epitopos chaves, era possível criar uma reação para o vírus. Epítopos são trechos do antígeno. Com essa identificação, foi possível desenvolver uma sequencia de bases que possibilita a construção do DNA.

Testado em ratos, o produto tem apresentado resultados animadores. A próxima fase do projeto, que está sendo realizado em parceria com diversos laboratórios internacionais, é produzir a proteína, inserindo o DNA sintetizado em uma bactéria. Ainda não se sabe se a resposta gerada é protetora ou não. Ventura destaca que seu laboratório se concentra nas fases mais básicas desse processo. As técnicas para a reprodução em massa e aplicação em seres humanos é feita por outros laboratórios.

O HSRV é latente nas populações e age nos organismos durante o inverno. A razão desse fenômeno ainda é desconhecida. A principal hipótese é de que nessa época do ano as pessoas se aglomerem mais e aumentem a transmissão, que se dá, sobretudo, por gotículas e contato direto. Enquanto a Influenza atinge elementos mais superficiais do sistema respiratório, a atuação do HSRV se concentra nas partes mais profundas do aparelho, como o pulmão. Presente no mundo inteiro atinge anualmente 70 mil pessoas, sendo o vírus respiratório mais comum.

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