ISSN 2359-5191

19/10/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 87 - Saúde - Instituto de Ciências Biomédicas
Pesquisadores da USP desenvolvem possível cura para tumores cerebrais

São Paulo (AUN - USP) - Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da USP descobriram substância que reduz em 75% o desenvolvimento de tumores cerebrais conhecidos como gliomas. Já em níveis avançados de testes, o medicamento pode curar pessoas em estado terminal.

O glioblastoma, como também é chamado o tumor, atinge sobretudo crianças e possui nível quatro (grave) de malignidade pela classificação da Organização Mundial de Saúde. Geralmente, quando descoberto, já se encontra em estágios avançados, ocupando o espaço de uma laranja na caixa craniana do paciente. Atualmente, não existem tratamentos efetivos para esse tipo de câncer e a sobrevida do doente dura em média um ano após o diagnóstico.

O grupo da pesquisadora Alison Colquhoun, em parceria com laboratório sueco, descobriu que o ácido gamalinolenico, da família do Omega 6, inibe o crescimento das células tumorais, impedindo a síntese e duplicação do DNA e o crescimento de vasos sanguíneos que nutrem o câncer. A substância é um tipo de ácido graxo, gordura proveniente do óleo vegetal. Além disso, em alta dosagem, produz a apoptose celular, que é a morte programada da célula.

As pesquisas estão bastante avançadas. O produto apresentou resultados em testes in-vitro, in-vivo (em camundongos) e em células tumorais de seres humanos injetadas em ratos. Em 2008, uma empresa farmacêutica dos Estados Unidos demonstrou forte interesse em investir no produto. A pesquisa foi encaminhada para o FDA (Food and Drug Administration) para ser avaliada. No entanto, com a crise econômica dos últimos anos, a empresa parou de contatar o grupo da professora Alison.

Um grande diferencial gerado pela pesquisa é a forma de aplicação do produto. A principal função das células da glia é formar uma barreira hemato-encefálica, ou seja, proteger os neurônios da entrada de qualquer substância em excesso. Essa característica faz com que a absorção de substâncias na região dessas células seja mínima, pois são barradas. Assim, são necessárias doses altíssimas de medicamento para um resultado pouco efetivo. “Por conta da barreira hematológica, tivemos um atraso nas nossas expectativas. Como colocar o ácido graxo diretamente nas células?”, comenta Marcel Bernadibe, pesquisador do grupo.

Em parceria com laboratório sueco, o Laboratório de Metabolismo da Célula Tumoral do Departamento de Biologia Celular e do Desenvolvimento do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, desenvolveu uma bomba osmótica capaz de romper essa barreira. O dispositivo, que funciona através da pressão osmótica, é inserido no cérebro do paciente e aplica com bastante precisão o ácido gamalinolenico na região das células tumorais. Foi essa estratégia que chamou a atenção da indústria americana. Se houver a confirmação de interesse, em pouco tempo o produto começará a ser testado em seres humanos e utilizado na cura do câncer.

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