ISSN 2359-5191

25/10/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 90 - Meio Ambiente - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Pesquisa da USP aponta falta de edifícios residenciais sustentáveis
Estudo da FAU ressalta descaso nos estudos de construção de prédios e uso errôneo da palavra “sustentabilidade”

São Paulo (AUN - USP) - Uma pesquisa apresentada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP apontou que projetos para construção de edifícios residenciais não conseguem ser sustentáveis. A dissertação de mestrado Análise da sustentabilidade no mercado imobiliário residencial brasileiro, de autoria da arquiteta Marcela Mantovani Teixeira, mostrou que nenhum prédio analisado se adequou a requisitos de qualidade ambiental. “A palavra sustentabilidade tem sido usada com tanta freqüência de maneira incorreta que já se banalizou, tornou-se uma ferramenta de marketing para atrair consumidores”, diz a pesquisadora.

O trabalho foi dividido em duas partes: a primeira consistiu em fazer consultas bibliográficas ligadas a construção e sustentabilidade. “Além de livros e artigos sobre o assunto, foram consultados manuais, normas e certificações. Com a finalização dessa fase estava formada uma primeira opinião sobre a incorporação dos conceitos de sustentabilidade no mercado imobiliário”. Em seguida, foram analisados 15 empreendimentos em diversas regiões do país, todos lançados à sombra de nomes como sustentável, ecológico ou verde.

Os empreendimentos estudados foram comparados com requisitos de um processo nomeado AQUA (Alta Qualidade Ambiental), que é uma certificação que avalia o quanto são respeitadas as normas de sustentabilidade das construções, levando em conta fatores diversos, tais como clima, relevo e condições ambientais e sociais do Brasil. Foi nesse ponto que Marcela notou a ausência de prédios residenciais sustentáveis no país. “De todos os edifícios estudados, nenhum atendeu a mais de 40% dos requisitos do processo AQUA para obtenção da certificação mínima de qualidade ambiental.”

A arquiteta também critica a atuação das construtoras diante da situação: “Ao invés de investirem mais na etapa de projeto, contratando arquitetos competentes e priorizando o conforto do usuário, elas preferem simplificar seu trabalho e aumentar seus lucros aproveitando projetos e fazendo repetições de plantas em terrenos diferentes”. A pesquisadora lamenta o fato de não haver estudos a respeito da ventilação, da iluminação e da sonoridade em cada local. “Também não são realizados estudos de tráfego, para conhecer antecipadamente o impacto que o edifício causará no seu entorno.”

Segundo Marcela, o período entre as décadas de 1950 e 1970 foi o de maior qualidade na arquitetura residencial brasileira. “Os edifícios construídos nessa época possuem uma qualidade jamais encontrada nas produções posteriores: a participação do arquiteto em todas as etapas da produção do edifício”. A pesquisadora conta que a partir dos anos 1980, esses profissionais foram afastados das etapas de produção e hoje se limitam a “encaixar” o projeto já existente do edifício no terreno.

Segundo a arquiteta, a sustentabilidade só é possível na natureza. Para ela, o ser humano não é capaz de viver em um ciclo de renovação natural, sem que haja exploração. “O resultado da minha pesquisa é desanimador, porém realista”, diz.

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