São Paulo (AUN - USP) - A Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) conta com um novo laboratório desde o último mês de setembro e já pensa em integrar o lugar com um projeto social que vai ministrar cursos para jovens de comunidades carentes. Idealizado pela professora Tereza Cristina Carvalho, o Laboratório de Sustentabilidade é voltado para a reciclagem de computadores e deve ter alunos com atividades voltadas para isso, já os colocando próximos do mercado de trabalho.

“Já temos um trabalho de reciclagem que conta com três técnicos que trabalham nas montagens e mais duas pessoas que fazem atendimento. Esses funcionários não dão conta. Aí entra o Laboratório de Sustentabilidade. A primeira coisa que pensamos foi trabalhar com projetos sociais, treinar jovens com 17 anos, que estariam no 3° ano do ensino médio, para saber como fazer a manutenção e a reciclagem de computadores”, afirma Tereza.

“O Lula acabou de assinar uma Lei de Resíduos Sólidos, que entra em vigor em novembro. Esperamos que a indústria da reciclagem se aqueça e precisamos de mão de obra. A idéia é formar esses meninos e meninas para este trabalho. Eles teriam aulas teóricas aqui (no Laboratório) e fariam a parte prática no galpão. Aprenderiam como fazer a manutenção, os testes e também como se separa peças para reciclagem”, afirmou.

O projeto ainda não está totalmente acertado porque a Poli ainda busca parcerias com empresas privadas para poder oferecer uma espécie de bolsa de estudos para os alunos. As conversas já estão em andamento, e a professora está feliz com a forma que as negociações estão evoluindo até aqui.

“Temos que pagar professores, pensamos em dar vale refeição aos alunos. Vamos fazer parceira com empresas para pagar essa bolsa de estudos. Já conversamos com algumas delas e estamos em fase de submissão de aulas para começar o programa no ano que vem. A receptividade está boa, tem varias empresas interessadas, mas é diferente ter o interesse e praticá-lo”, afirmou a professora.

As normas da USP, porém, obrigam o Laboratório de Sustentabilidade a ter outras missões na faculdade, com pesquisa e atuação na graduação e na pós-graduação. Com muitas coisas em mente para estudar, Tereza já escolheu seu maior foco: desenvolver um eco-computador, mais facilmente reciclável.

“Temos muitas coisas a pesquisar, mas antes de tudo, o que a gente vê como maior problema é a dificuldade de desmontar um computador. Ele não foi feito pra ser reciclado. Vamos estudar como fazer um eco-computador, eco-desing, usar matérias que sejam mais facilmente recicláveis”, afirma a professora, que ainda explica que precisará de ajuda de profissionais de outros institutos da USP para este projeto interdisciplinar.

“Sou a mentora do projeto, mas já tem vários professores trabalhando comigo. Não é um projeto só da Poli, é interdisciplinar. Por exemplo: falo de eco-design, e não sei nada disso, então vem uma professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) para dar essa aula. Esperamos que tenham várias pessoas da USP envolvidas nesse projeto”, completou.

Para a graduação, a idéia é sejam ministradas aulas optativas que ensinem os alunos a utilizarem tecnologias apropriadas para comunidades carentes. Isto consciste em usar os recursos possíveis para melhor a vida de uma parcela da população. Isto reafirma o grande objetivo do projeto: dar algo a sociedade.

“Queremos desenvolver cursos que deêm chances aos alunos para saber o que é tecnologia apropriada e como pode trabalhar nessa área. Isso para quem quiser, claro. Vão ser cursos opcionais. Não é todo mundo que tem interesse nessa área social”, afirmou a professora.

“Queremos fazer alguma coisa que tenha impacto não só na USP, mas também na comunidade. A gente está aqui por causa deles”, completou.