São Paulo (AUN - USP) - A acessibilidade da produção científica e intelectual do meio acadêmico foi tema de um fórum sobre acesso aberto na universidade, realizado na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, recentemente. Participaram do evento, realizado no auditório Altino Antunes, docentes, alunos e funcionários com o intuito de discutir questões referentes ao tema.

Um projeto foi idealizado para a USP, tendo como instituições pioneiras a FMVZ, a Escola de Comuicações e Artes (ECA) e a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH). O ideia central é criar um “Repositório Institucional USP”, no qual grande parte da produção intelectual da universidade ficaria à disposição de todos, com acesso aberto, público e irrestrito.

De acordo com o professor Edson Leite, vice-diretor da EACH, o evento é importante para, além de discutir as questões relativas ao acesso aberto na USP, incentivar e conscientizar os professores e alunos sobre como é importante essa política para o acesso á informação. “É preciso pensar em maneiras de socializar a produção da universidade”, completou.

Também foi proposta uma Carta de apoio ao acesso aberto à produção técnico-científica da Universidade. O documento reconhece o papel desenvolvido pelos autores, editores, bibliotecários e agências governamentais de fomento à pesquisa, mas, ao mesmo tempo, defende a maior acessibilidade possível para os artigos acadêmicos produzidos, como forma “essencial ao desenvolvimento sustentável das nações e à promoção da qualidade de vida das pessoas”. “Compreendemos ser possível articular todos esses aspectos em benefício da democratização do conhecimento”, afirma a carta.

O evento também contou com uma palestra dada pelo professor Stuart Shieber, da Universidade de Harvard, líder da iniciativa de acesso aberto em sua universidade. Ele contou como foi a experiência de implantação do repositório em Harvard, que hoje conta com 95% dos artigos acadêmicos produzidos na universidade.

De acordo com Shieber, primeiro é necessário uma atitude de curto prazo, o que em Harvard se dividiu em três frentes. Primeiro em relação à permissão dos produtores, para que a universidade pudesse disponibilizar todos os artigos produzidos. Depois o que ele chamou de “isenção de responsabilidade”, no qual um professor pode se manifestar, quando for contra a disponibilização de seu artigo. E ainda com a parte mais prática, na qual cada membro docente cede seus artigos no formato eletrônico.

No evento foi mostrado o quão importante é, não só para a comunidade acadêmica, mas para a sociedade em geral, o acesso aberto à produção técnico-científica. E que isso pode ser feito, respeitando-se todas as questões referentes à direitos autorais, de forma que o conhecimento produzido na universidade possa ser acessível de maneira ampla e irrestrita.