ISSN 2359-5191

27/06/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 09 - Saúde - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Comportamento doentio é desencadeado pelo próprio sistema imunológico

São Paulo (AUN - USP) - Febre, cansaço, vontade de ficar na cama, falta de apetite. Não há quem não conheça a sensação de ficar doente e suas conseqüências. O que é pouco conhecido por grande parte das pessoas é que esse mal estar é provocado pelo nosso próprio sistema imunológico. Essas mudanças são chamadas de comportamento doentio e ocorrem praticamente em todos os mamíferos e aves.

Numa infecção, a bactéria produz LPS (lipopolissacarídeos) que ativa o sistema imunológico. Uma vez ativado, este produzirá uma substância que vai para a corrente circulatória e chega ao sistema nervoso, modificando o comportamento da pessoa ou animal. “ O comportamento de estar doente, não seria mal- adaptativo ou um efeito indesejável da doença, mas sim uma estratégia comportamental altamente organizada, muitas vezes crítica para a sobrevivência” , afirma Daniel Cohn, em sua dissertação de mestrado “Efeitos da administração de lipopolissacarídeo (LPS) de Escherichia coli sobre o comportamento de camundongos dominantes e submissos: uma abordagem etofarmacológica ao estudo do comportamento doentio”.

Sabendo qual substância desencadeia esse comportamento, por que não desenvolver um medicamento capaz de bloqueá-lo, visto que ele traz muitos transtornos, como por exemplo, grande número de faltas no trabalho? “Poderíamos bloquear esse comportamento. Mas será que ele não é importante para resolver as infecções? Precisamos responder isso antes de qualquer coisa”, responde Luiz Carlos Rocha, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, que pesquisa o comportamento doentio há quatro anos.

Daniel Cohn relata em sua tese de mestrado alguns benefícios que essas alterações comportamentais poderiam trazer ao infectado. A febre, por exemplo, diminui o tempo das infecções, pois produz um ambiente desfavorável para a proliferação de bactéria, ao mesmo tempo em que é favorável para a ação do sistema imunológico. A falta de apetite traria uma menor motivação para procurar alimentos e, em conseqüência, uma menor perda de energia.

O professor Luiz Carlos também conta algumas descobertas. “As pessoas idosas são mais sucetíveis a infecções e apresentam essas características (do comportamento doentio) mais evidentes.” Segundo ele, as crianças, por não terem o sistema imunológico completamente formado, se assemelham aos idosos nessa questão. O que os pesquisadores ainda não sabem é o que acontece no envelhecimento que as pessoas ficam mais sensíveis ao comportamento doentio.

A pesquisa é feita através do uso da substância LPS em animais de laboratório, para induzir o comportamento doentio e observar suas reações. Foi constatado que o comportamento se apresenta de forma diferente em animais dominantes e nos outros animais. O dominante é mais sensível e apresenta um comportamento doentio mais desenvolvido.

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