ISSN 2359-5191

23/11/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 105 - Saúde - Instituto de Ciências Biomédicas
Comportamento molecular pode ser a chave para a cura de tumores cerebrais

São Paulo (AUN - USP) - O tratamento eficaz de gliomas, tumores cerebrais de alta mortalidade, pode estar intrinsecamente relacionado a estruturas celulares e mecanismo de reparo do DNA. É o que indica estudo do professor Carlos Menck, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP). Em pesquisas recentes, ele percebeu que processos comuns das células saudáveis e que também ocorrem nas células dos tumores bloqueariam a ação dos remédios utilizados pelos pacientes com câncer de cérebro.

A pessoa diagnosticada com glioblastoma (forma mais avançada de glioma) possui um ano de expectativa de vida, mesmo com todos os tratamentos existentes hoje. Com o temozolamida (TMZ), quimioterápico que prometia grandes resultados, esse prazo foi estendido em um mês. Menck conta da sua própria frustração ao constatar que o novo tratamento não mudava a realidade das vítimas desse tipo de câncer.

Menck descobriu que tanto a autofagia, processo que “limpa” a célula de produtos que possam ser prejudiciais, como os mecanismos de reparo de lesões do DNA acabam inibindo a ação dos químicos utilizados no tratamento dessa doença. Ambos são atividades celulares indispensáveis para a nossa saúde, impedindo infecções, morte celular e mutações gênicas, que causam tumores. O problema é que as células de câncer continuam realizando essas atividades e acabam se protegendo da ação dos remédios que deveriam matá-las.

A partir dessa constatação, o pesquisador tem procurado caminhos para inibir a autofagia e ação das proteínas reparadoras. Ele descobriu que um medicamento usado no tratamento de malária (cloroquina) bloqueia os autofagossomos, responsáveis pela autofagia. Além disso, agentes cloroalquilantes (CCNU, ACNU, BCNU) em combinação com o TMZ tem um potencial de ação muito maior. Isso ocorre porque o TMZ atua em células com muitas proteínas p53 e os cloroalquilantes, nas que possuem pouca. As pesquisas de Menck mostram que essas proteínas estão intimamente ligadas com a reparação de lesões.

.Menck destacou que todos esses tratamentos atingem também as células normais, tendo alto grau de toxicidade. A boa notícia é que células cancerígenas possuem maior sensibilidade aos tratamentos. As células dos tumores são muito similares às saudáveis, de forma que é muito difícil encontrar quimioterápicos que destruam apenas as células doentes. O uso de nanopartículas (partículas muito pequenas, com apenas alguns átomos) aumenta a efetividade dos medicamentos, assim como a toxicidade. O próximo passo é tentar dosar a quantidade de nanopartículas para se ter um efeito mais certeiro, apenas nas células que precisam ser destruídas.

As pesquisas do professor Menck foram apresentadas no I Simpósio: Aplicações das Ciências Biomédicas Implicações da Transferência Gênica na Pesquisa Translacional e Inovação Terapêutica, promovido em comemoração aos 40 anos do ICB.

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