ISSN 2359-5191

29/11/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 108 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Biociências
Cerca de 65% do potencial energético da cana vai para o lixo

São Paulo (AUN - USP) - Embora seja apontada como a matriz energética do futuro, a cana-de-açúcar brasileira ainda tem seu potencial energético subaproveitado. Segundo o pesquisador Marcos Buckeridge, do Instituto de Biociências da USP, cerca de 2/3 da energia da cana é descartado com o bagaço e com a palha. Uma das soluções para o problema é o etanol celulósico.

“Teoricamente, se eu conseguisse pegar os açúcares que estão aqui [no bagaço e na palha], eu poderia triplicar a produção de álcool no Brasil”, revela o professor. E o mais importante: sem aumentar a extensão da plantação.

Para isso, a produção de combustíveis precisaria aproveitar o potencial energético da celulose. Atualmente, o processo é centralizado exclusivamente na extração da sacarose, que fica armazenada nas células da planta. De acordo com Buckeridge, é preciso também utilizar a celulose da parede celular. Com uma hidrólise, ou seja, com a inserção de moléculas de água nesta parede, pode-se produzir o etanol celulósico e aproveitar uma fonte de energia que estava indo para o lixo.

Desta forma, a produção energética seria triplicada sem a necessidade de se plantar novos pés de cana. Contudo, tal mudança no modo de produção implicaria também em um novo tipo de usina. Segundo o pesquisador, a usina do futuro teria um processo diferente do atual e estaria baseada em três etapas: o pré-tratamento do bagaço e da palha, a hidrólise (responsável pela quebra das moléculas de celulose da parede celular) e, por último, a fermentação.

Essas usinas não teriam seu papel limitado. Elas seriam, na verdade, biorefinarias. O aproveitamento do bagaço e da palha e o aumento da produtividade energética impulsionariam a utilização de inúmeros subprodutos do etanol, que muitas vezes vão para o lixo. Um dos exemplos é a lignina da cana, que pode ser matéria-prima na produção de plástico. Alguns polissacarídios, por sua vez, podem ser utilizados de anti-diabéticos.

A cana-de-açúcar é um gênero extremamente complexo, afirma Buckeridge Sua importância estratégica não se limita à produção de energia a partir de biomassa, como um viés alternativo aos combustíveis fósseis. E o aumento da produtividade não se limita ao contexto energético. “O etanol é uma mera desculpa para se fazer spin-off”, ou seja, produtos com alto valor agregado.

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