São Paulo (AUN - USP) - A usina hidroelétrica de Belo Monte é uma das obras mais polêmicas promovidas pelo governo federal. Toda sua construção é cercada de interrogações sobre o seu custo, viabilidade e dano ambiental. O engenheiro José Antunes Sobrinho, vice-gerente da Engevix, empresa responsável pelo projeto, em palestra na Escola Politécnica (Poli-USP) no dia 21, demonstrou que a obra além de possível é pouco agressiva ao meio ambiente e rentável economicamente.
A produção de energia é sazonal. Ela produzirá energia durante a parte chuvosa do ano, o verão. No inverno a produção será desprezível. Mesmo assim a potencia da hidroelétrica é de 11000 MW. Quanto às acusações de que a obra é inviável economicamente, José Antunes afirmou que todos os cálculos de lucratividade e produtividade foram feitos levando em conta a vazão mínima registrada no rio, período de 51 e 52. Nesse caso a potência da usina é de mais de 4000 MW, a quantidade mínima exigida pelo governo para aprovar o projeto.
O Brasil está crescendo economicamente. Para esse ciclo positivo se sustentar serão necessários novos investimentos em energia. As novas fontes como a eólica e solar ainda não tem capacidade de, no curto prazo, suprir a demanda energética brasileira. A energia nuclear é muito cara e alguns a consideram perigosa. As termoelétricas são muito poluentes, liberam gases estufa e ainda mercúrio e enxofre, que contaminam as águas e a lavoura. Por esses e outros motivos a hidroeletricidade, depois de ser considerada a grande inimiga do meio ambiente nos anos 80 e 90, é de novo uma opção viável. Diversos projetos hidroelétricos estão em andamento ao redor do mundo, desde a Europa até China e Índia.
O Brasil sempre foi um dos países que mais investiu nesse tipo de energia e está na vanguarda tecnológica. Porém, devido à crise econômica e à crítica dos ambientalistas, os projetos hidráulicos ficaram esquecidos durante as décadas de 80 e 90. Agora com o aquecimento da economia o governo decidiu voltar a investir em barragens. O alvo são os rios da margem direita do Amazonas, que possuem declividade e volume suficiente, e ainda não foram explorados.
O projeto Belo Monte é ambicioso e desafiador do ponto de vista da engenharia, pois busca produzir o máximo de energia com o menor dano ambiental. O empreendimento utilizará a vazão ecológica, ou seja, não alterará o trajeto do original do rio Xingu. A única alteração será a construção de uma pequena casa de força, responsável pela produção de uma pequena parte da eletricidade.
O lago será construído em outro local próximo. A água será levada por um canal com mais de 20 Km que liga o rio com a barragem. Após a queda a água retorna ao rio. Para diminuir o tamanho do lago serão construídos diversos diques nos pontos mais baixos. A extensão da área inundada é de 400Km, pequena para a quantidade de energia produzida.