São Paulo (AUN - USP) - O comportamento que está por trás dos recentes episódios de agressões nas escolas e universidades, como o caso de três jovens que agrediram um casal de gays em uma festa ou a violência contra meninas obesas na Unesp não é recente, porém ganhou notoriedade na última década: chama-se bullying. Para erradicar as agressões, família, colegas e escola (ou universidade) devem atuar em conjunto.
O episódio de Columbine, em 1999, fez com que se prestasse mais atenção ao fenômeno. No entanto, há cada vez mais casos nas escolas. ”O bullying não está melhor compreendido, porque há o exagero do politicamente correto somado à negligência no tratamento”, diz a psicóloga Maria Isabel Leme, psicóloga e docente do Instituto de Psicologia da USP.
O bullying pode-se identificar por qualquer comportamento de violência física ou moral, de caráter repetido, contra a mesma pessoa, e tendo como motivo alguma característica dela que foge de algum padrão social.
Um estudo publicado na revista científica Pediatrics mostrou que crianças que estão acima do peso, nas faixas etárias entre oito e onze anos, são mais propensas a serem hostilizadas no colégio, independentemente do seu sexo, raça, capacidade de fazer amigos ou habilidades acadêmicas. De acordo com os resultados do monitoramento, a chance de uma criança obesa ser intimidada pelos seus colegas de classe é 63% maior do que a chance de um aluno de peso saudável sofrer a mesma intimidação.
Além dos motivos sociais que envolvem preconceito e padrões, há o fato de que os agressores querem se sobressair como engraçados e populares. “Também há o fato de que há a sensação de poder, com a intimidação dos outros que assistem e temem se tornar as próximas vítimas. Sem testemunhas o bullying não tem graça, nem confere poder a quem o pratica”, diz a especialista.
A reação da vítima é também importante para definir o fenômeno, se ela vítima não adere à brincadeira, mostra desconforto. Além disso, a vítima pode-se fazer respeitar. “É recomendável manter aparência segura que se traduz em postura corporal, olhar e expressão facial, pois os agressores percebem justamente por esses sinais se a pessoa irá se defender ou não”, explica a psicóloga.
Sofrer bullying pode trazer consequências para o desenvolvimento pessoal. Algumas passam a querer evitar a situação porque se sentem impotentes, e acabam não querendo mais ir à escola, por exemplo. “Há crianças que dizem estar doentes e faltam mais às aulas. Muitas vezes, isso é verdade em função da ansiedade, que pode causar problemas de estômago e dores de cabeça.