ISSN 2359-5191

02/12/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 111 - Economia e Política - Escola Politécnica
Falta de materiais e de mão de obra vai interferir nas construções de estádios para Copa
A previsão é de um professor de engenharia da USP. Para ele, o aquecimento do setor da construção civil deve fazer com que disputa entra as obras

São Paulo (AUN - USP) - O Brasil deve sofrer sérios problemas quanto ao fornecimento de materiais e até de mão de obra para a construção de estádios para a Copa do Mundo de 2014. A previsão é de Francisco Cardoso, professor de engenharia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e presidente da Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (Antac).

O paradoxal é que o problema decorre justamente de uma grande fase vivida pela construção civil brasileira. Sem ter se abalado tanto com a crise financeira vivida no mundo, nosso país tem investido em muitas obras e recebe o apoio de construtoras estrangeiras, que enxergam no Brasil uma boa possibilidade de obtenção de lucros.

“Daqui a pouco vamos entrar na fase de construção (dos estádios) e isso vai ser muito crítico. É um momento que esse setor está muito aquecido, principalmente pela área habitacional, e está faltando recurso”, diz Francisco.

Segundo o professor, o momento é crítico inclusive para a obtenção de profissionais habilitados para as obras. E o problema não ocorre apenas nos cargos mais altos, como o de engenheiros e mestres encarregados, mas também há a falta de montadores e pedreiros, por exemplo.

“Hoje já se fala em escassez de mão de obra e daqui a pouco tem grande chance de se falar em escassez de produzir construção”, afirma o professor.

Além de profissionais, o Brasil também enfrenta um grande dilema com falta de equipamentos para construções. Segundo Francisco Cardoso, hoje já há a importação de guindastes para as obras, e a situação só deve piorar com o início das obras para a Copa de 2014.

“Vai estar todo mundo demandando estrutura metálica para cobertura dos estádios e têm esses shoppings sendo feitos, as fábricas novas, as pontes, as obras de metrô. E esse é só um exemplo. Vai ter estrutura para todo esse povo? Vai ter montador? Vai ter guindaste? Hoje já estamos trazendo isto de fora”, diz.

Se há motivo para preocupação, porém, o professor também mostra que o momento da construção dos estádios pode ser importante para a evolução e desenvolvimento da engenharia civil brasileira. Francisco Cardoso acredita que o país possa aprender muito com eventuais equipes estrangeiras que trabalhem nos projetos.

“Olhando positivamente, é uma oportunidade para criar novas competências na área de projeto. Não importa se tenham equipes com estrangeiros. É a chance de aprender, ter experiência. É uma chance de construção e montagem de grandes equipamentos. É uma grande oportunidade da cadeia produtiva se desenvolver, também com essa questão da sustentabilidade”, complementa.

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