São Paulo (AUN - USP) - O atual crescimento do Brasil não reflete um real desenvolvimento econômico, muito disso é consequência das relações do país com a China. É o que acredita Vera Helena Thorstensen, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). No Fórum de Administração Internacional- realizado pela Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA-USP)-, Vera demonstrou como o constante crescimento econômico da China interfere diretamente na posição de destaque do Brasil.
A exportação de commodites é o principal foco da política econômica brasileira, em especial, nos últimos anos. A razão é a alta do preço de produtos primários no mercado mundial. Esse cenário é explicado, essencialmente, pela grande demanda de alimentos da China, cuja produção agrícola não é capaz de suprir as suas necessidades.
Um dos produtos que apresenta maior alta é a soja, área na qual o Brasil é fortemente competitivo. Apesar de positiva, essa conjuntura é instável, dada a especificidade do comércio de agrícolas-pautado nos subsídios. Além disso, o poder de troca de bens não refinados é menor do que os industrializados. Dessa forma, Vera teme que o país regrida e volte a ser exclusivamente um exportador de matérias-primas, perdendo assim o seu avanço industrial. “O Brasil pode se tornar exportador de alimentos e importador de bens industriais”, afirma.
Vera afirma também que a “aquisição de terras na África e no Oriente Médio, pela China, pode levar a uma produção de alimentos independente do Brasil”. Assim, observa-se a existência de outro elemento de desestabilização. Diante desse processo de desindustrialização, é necessário que se repense a atuação do Brasil no sistema internacional. Para Vera Helena é uma questão de planejamento. “O Brasil precisa de uma política de Comércio Industrial, precisa de um projeto nessa área”, acredita a pesquisadora.