São Paulo (AUN - USP) - Um projeto interinstitucional sobre os lugares da cidade de São Paulo tem como uma de suas principais metas a produção de vídeos educativos sobre a vida urbana, a serem distribuídos em escolas de ensino médio e fundamental.
Como agentes do meio social, os jovens devem conhecer e entender o ambiente que habitam, já que suas manifestações são fundamentais na melhoria ou piora dos lugares paulistanos, acredita o professor de Desenho Industrial, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP) Luís Antônio Jorge. As pichações, os movimentos que vêm ganhando cada vez mais adeptos como o Hip Hop, são hoje características da juventude que não podem ser separadas da vida em sociedade.
A pesquisa a respeito dos lugares paulistanos, que une professores da FAU-USP, da USP São Carlos, Puccamp, Unesp de Bauru, Faculdade de Belas Artes e Unicamp, se propõe a explorar os lugares da cidade sem defini-los, já que são, segundo Luís Jorge, abstratos. "Não há uma definição para lugar. O lugar é muito diferente do espaço físico", comenta, "ele compreende espaços, a sociedade, a cultura e o comportamento".
Mesmo não definindo os lugares, ele insiste que é preciso diferenciá-los de espaço, território e paisagem, e usa, para ressaltar isso, uma frase do colega Milton Santos: "Lugar é o espaço do fazer-solidário". Tal diferenciação faz parte da introdução teórica da pesquisa, já que cada um destes termos possui características próprias e não podem ser confundidos entre si.
Deixando de lado a limitação dos espaços físicos, os pesquisadores pretendem analisar os lugares escolhidos com um olhar abrangente, fazendo um recorte teórico da cidade até então inédito.
O estudo dos lugares faz parte, para Luís Jorge, de uma etapa do resgate da memória paulistana, que sendo formada por pessoas de todos os lugares do planeta, é um pouco da memória mundial. "Gostaríamos de formar um mosaico do espaço e da memória Universal".
Outro produto que o grupo propôs-se a lançar é uma lista com propostas de intervenções urbanísticas na cidade, que devem ir além de reformas estruturais e paisagísticas, tendo como foco a melhoria do convívio social. As sugestões listadas deverão ser enviadas a órgãos públicos competentes.
O tempo de duração da pesquisa previsto pelo grupo é de no máximo um ano e meio e, após esse período, os pesquisadores pretendem estender o projeto para outras grandes cidades brasileiras.