ISSN 2359-5191

10/05/2000 - Ano: 33 - Edição Nº: 06 - Meio Ambiente - Instituto de Ciências Biomédicas
USP mede qualidade do ar em ambientes climatizados artificialmente

São Paulo (AUN - USP) - Alergias, dores de cabeça e rinites são algumas doenças normalmente associadas a ambientes providos de ar condicionado. Pelo menos 10% das pessoas que trabalham nesses locais apresentam alergias cujos responsáveis são os fungos espalhados pelo ar, segundo o professor Valderez Gambale, do Laboratório de Micologia Médica. Dessa forma, o Ministério da Saúde criou uma lei, em 28 de agosto de 1998, que exige a manutenção da qualidade do ar em empresas cujo ambiente seja climatizado artificialmente.

Essa qualidade é adquirida através da limpeza dos aparelhos de ar condicionado centrais e sua fiscalização é visual, controlada pelo governo. Como esta lei é recente, poucas são as firmas qualificadas que trabalham com a medição e isolamento de fungos no ar. Por isso, o Laboratório de Micologia Médica (estudo de fungos), associado ao Instituto de Microbiologia da USP, tem prestado serviços às empresas que o solicitam.

O professor Valderez Gambale explicou como se avalia a condição do ambiente climatizado artificialmente. Primeiro, inspecionam-se as superfícies dos dutos de distribuição de ar para verificar se há sujeira e poeira acumuladas. Em seguida, usa-se um aparelho denominado coletor de Andersen, cujo funcionamento é similar ao de um pulmão, separando possíveis partículas alergênicas pelo tamanho e quantificando os microorganismos encontrados no ar interno, no externo, no insuflado pelo ar condicionado (de fora para dentro do ambiente) e no ar de retorno, que segue a trajetória contrária daquela do ar insuflado. Depois de verificar todos os itens, entrega-se um laudo com o diagnóstico da situação do ar, baseado no índice de 750 ufc proposto pelo governo.

Ufc significa "unidade formadora de colônias de fungos por metro cúbico de ar", sendo que 750 seria o valor máximo permitido pelo governo para lugares climatizados artificialmente. Após esta marca, o ambiente deveria passar por uma higienização, ou então seria multado. "Esse índice não está em vigor, mas nosso trabalho é baseado em cima dele. Se o governo estipular um número diferente, seguiremos este último", diz Valderez, que revela ser o índice de 750 ufc questionável, porque além de ele se referir apenas aos fungos, excluindo microorganismos como bactérias, também não apresenta base científica alguma.

As empresas deveriam verificar as queixas de seus funcionários sobre problemas de saúde, pedir a realização de exames clínicos e nos encaminhar os resultados para que possamos procurar possíveis relações entre tais doenças e os fungos do ar", diz Valderez.

O professor conta que a USP vem prestando esse tipo de serviço desde o ano passado, quando o Ministério da Saúde começou a exigir das empresas a garantia da qualidade do ar respirado pelos seus funcionários. Antes de essa lei ser criada não havia uma boa prevenção, ocorrendo vários casos de doenças entre funcionários, como alergias e dores de cabeça constantes. Com a nova norma, empresas que não efetivarem a limpeza de seu sistema de abastecimento de ar podem arcar com pesadas multas.

"Nota-se que a atenção sobre a qualidade do ar apareceu somente após a criação da lei e conseqüente fiscalização. Anteriormente, a preocupação com a condição do funcionário era mínima e considerada desnecessária. Tudo isso se deve à cultura do brasileiro, que nega a compatibilidade entre o bem estar do empregado e o rendimento de seu trabalho", conclui o professor Valderez Gambale.

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