ISSN 2359-5191

10/05/2000 - Ano: 33 - Edição Nº: 06 - Meio Ambiente - Instituto de Pesquisas Energéticas
Pesquisa mostra vantagens da desinfestação radiológica

São Paulo (AUN - USP) - A exportação de flores e plantas ornamentais brasileiras movimenta cerca de US$ 260 milhões anualmente. Esse número só não é maior porque a produção sofre com a infestação de agentes biológicos parasitas como o pulgão, o bicho minador (cancro) e a coxonilha que deterioram o produto e fazem com que haja uma queda sensível no preço internacional. O Instituto de Pesquisa Energéticas e Nucleares (Ipen) da USP desenvolveu uma pesquisa na qual, através de irradiação, são eliminados esses agentes, tornando mais interessante a exportação. "A desinfestação radiológica de produtos de origem vegetal como flores e plantas ornamentais é economicamente viável e dá resultados excelentes, aumentando em até 50% o valor de mercado do produto", garante Olivia Kimiko Kikuchi, pesquisadora do Centro de Tecnologia das Radiações (CTR) do Ipen.

Além disso, a Organização Mundial do Comércio (OMC), em seu último encontro, discutiu esse segmento comercial e decidiu que até 2002 todo o comércio mundial de vegetais deverá ser feito com produtos sem nenhuma forma de infestação biológica. Alguns países como Estados Unidos, França e Alemanha, grandes importadores de flores e plantas ornamentais, já exigem que o produto esteja totalmente desinfestado. Assim, além de ser comercialmente mais atraente, o produto desinfestado será uma exigência num prazo de dois anos.

O processo de desinfestação radiológica consiste na aplicação de pequenas doses de irradiação gama em flores e plantas. "O produto (flor ou planta) é colocado num irradiador de baixa potência (Cobalto 60) no qual é submetido à ação de ondas gama (semelhantes às do raio X convencional). Elas matam qualquer tipo de agente biológico mas não são residuais, ou seja, não permanecem no produto após o término da aplicação", afirma Kikuchi. Assim, não há perigo de contaminação nuclear danosa à saúde.

Outro ponto positivo é que esse tipo de desinfestação é ecologicamente inofensivo, ao contrário do processo atual chamado de fumegação química, já que nele é utilizado o brometo de metila. Essa substância química, além de causar sérios danos à saúde dos trabalhadores rurais e contaminar rios, causando a morte de peixes, contribui para a destruição da camada de ozônio. "Além de todos os males que causa à saúde humana e à natureza, a fumegação química é muito cara, sendo muito pouco praticada pelos produtores de flores e plantas", salienta a pesquisadora responsável pelo estudo.

A pesquisa contou com recursos da ordem de US$ 15 mil, financiados pela Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), órgão de pesquisa ligado a Organização das Nações Unidas (ONU). A Aiea também financiou projetos semelhantes em outros importantes pólos de exportação vegetal como Tailândia, Filipinas e Indonésia.

Além dos recursos financeiros, a Aiea organizou encontros anuais entre os pesquisadores envolvidos nos quais foram discutidos os resultados de cada pesquisa. "A conclusão a que todos chegaram é a de que, infelizmente, nem todas as espécies de flores e plantas ornamentais podem ser irradiadas", alerta Kikuchi. Essa e outras informações estarão presentes em um livro que deverá ser produzido pela Aiea com base nas pesquisas.

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