São Paulo (AUN - USP) - Responsabilidade ambiental e social são os objetivos de Carlos Motta. O arquiteto e designer realizou recentemente a palestra Móveis em madeira reutilizada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Motta trabalha com madeira descartada e reutiliza o material na construção de cadeiras, poltronas, bancos e mesas.
“Meu objetivo principal é revelar a cultura brasileira por meio dos móveis de madeira reutilizada”, afirma. O artista disse que pensou em um material que pudesse servir a todos e, assim, conscientizar mais pessoas. O resultado foi o trabalho voltado para móveis, especialmente cadeiras e poltronas. Com diversos estilos, cores e modelos, o designer fala muito sobre confiança no produto. “Conforto tem muito a ver com entrega. Não é possível se entregar a um ambiente se você não confia no que ele te propõe”, diz.
Motta enfatizou que não há como não causar impacto no meio ambiente ao extrair matéria-prima dele, então é preciso ressaltar que as três coisas que mais promovem a sustentabilidade são reduzir, reutilizar e reciclar o material que se usa. Não é possível realizar esse tipo de trabalho sem levar isso em consideração”, diz Motta, que usa madeira certificada para reutilizar na construção de móveis.
Entre os trabalhos feitos pelo designer, estão bancos para igrejas e para a Pinacoteca do Estado de São Paulo, para o Sesc de Santos e exposições e salas de espera de escritórios. Há até mesmo um trabalho feito por Motta em que foram utilizados tipos de madeiras ilegais que foram apreendidas. Motta utilizou o material para construir uma mesa inutilizável, com suportes pontiagudos, de que as pessoas não deveriam se aproximar. O designer nomeou o trabalho de “Não me toques”, como forma de alertar que o tipo de madeira utilizado na confecção do móvel não deveria ter saído de seu lugar original: a natureza.
O desginer diz que um de seus objetivos é representar a cultura brasileira. “O que tento fazer em meus móveis é dar a eles uma aparência mais pesada e rústica, para que se destaquem no ambiente”, Motta ainda ressalta que a cada item vendido, muitas pessoas na cadeia produtiva daquele móvel devem ganhar com o comércio. “Valorizar a cultura brasileira não é apenas fazer um móvel que denote a aparência do Brasil. Também é preciso compensar aqueles que trabalharam para que aquele móvel ficasse pronto. Isso é pré-requisito fundamental para a arquitetura, é dignidade no trabalho”, diz.