São Paulo (AUN - USP) - As motivações, os desafios e a importância do pesquisador da área das ciências humanas para a sociedade foram o tema da palestra de José Luiz Braga que marcou o encerramento das atividades do 18˚ Simpósio Internacional de Iniciação Científica da Universidade de São Paulo.

Um dos pontos principais da palestra foi a discussão do papel dos estudiosos das ciências humanas na sociedade e as possibilidades de atuação deles no mundo. José Luiz Braga afirmou que, apesar da percepção que a maioria das pessoas têm dos acadêmicos, a produção desse tipo de conhecimento não é fruto apenas de uma contemplação do mundo, mas de um posicionamento que é tomado pelo pesquisador. A essa contemplação engajada do mundo o convidado deu o nome de "dizer o mundo", e, segundo ele, "dizer o mundo não se faz apenas para contemplar, mas para agir no mundo."

O palestrante destacou ainda que a pesquisa é um "processo fundamental para o mundo" e que grande parte da motivação do pesquisador é exatamente o momento da descoberta, o momento em que ele percebe como as coisas funcionam. Segundo ele, a pesquisa não traz "simplesmente uma satisfação pessoal", mas uma "satisfação peculiar" ligada ao momento da descoberta, no qual o pesquisador encontra as respostas para as perguntas que lançou ao mundo.

José Luiz Braga deu grande destaque ao processo de "resolução de problemas" inerente à produção do conhecimento. Esse processo, confessou, pode ser muitas vezes frustrante e levar a becos sem saída. Entretanto, para ele, é o processo que é o mais importante. "Se chegamos ao final de uma pesquisa com a mesma hipótese que tínhamos no início, a pesquisa é, ao meu ver, um fracasso", disse. O diálogo entre a pesquisa e a realidade e entre os pesquisadores foi considerado também fundamental por Braga, já que esse processo ajuda a evolução do conhecimento, maximizando-o.

E essa filosofia da pesquisa, da reflexão do mundo, afirma o palestrante, se espalhou também para os setores não acadêmicos da sociedade. Para José Luiz Braga, a atitude reflexiva diante da vida é, cada vez mais, parte integrante do cotidiano das pessoas. A produção de conhecimento ganhou tanta importância, que o método científico já é parte da sociedade.