São Paulo (AUN - USP) - A partir de agora, quem recebe atendimento médico domiciliar pelo SUS (Sistema Único de Saúde) não terá mais que se preocupar com a desorganização do sistema. Pesquisadores do Instituto de Matemática e Estatística da USP desenvolveram o “Projeto Borboleta”, um sistema integrado de computação móvel que permite arquivar os documentos e prontuários dos pacientes em aparelhos de celular.
Pessoas que não conseguem se locomover às unidades de saúde encontram um verdadeiro obstáculo no acumulo de papéis provenientes do atendimento domiciliar. O profissional leva em uma única pasta todas as anotações e prontuários dos pacientes que serão visitados no dia, de forma completamente desintegrada. O “Projeto Borboleta” permite a centralização do conteúdo da papelada em um smartphone , possibilitando seu transporte em forma digital.
“A gente percebeu que essas visitas produzem uma quantidade enorme de documentos, que acabam arquivados nos centros de saúde e dificilmente são consultados depois”, diz Fábio Kon, coordenador do projeto. Com a nova tecnologia, os prontuários são transferidos para o celular e atualizados com a evolução do paciente. Ao retornar ao centro de saúde, o médico integra as novas informações ao banco de dados da unidade, que pode ser consultado a qualquer momento por outro profissional.
Outra vantagem do uso do novo sistema é que ele também pode carregar listas de medicamentos disponíveis, catálogos de doenças e outros documentos úteis ao paciente. Contudo, segundo Kon, o verdadeiro diferencial é preservação da informação. “Não há qualquer perda de dados”.
Contudo, o mundo do “Projeto Borboleta” não é perfeito. Se por um lado ele torna as informações dos pacientes mais integradas e acessíveis, por outro pode deixá-las vulneráveis. Um dos principais entraves à pesquisa é o sigilo desses dados. As informações desses pacientes precisam estar bem protegidas, afirma o coordenador.
Os problemas de ordem econômica são ainda mais preocupantes. Um smartphone, no Brasil, custa cerca de mil reais. O investimento do SUS precisa ser muito alto. “Mas não é só isso. Os preços de telefonia são muito altos também. Se fosse mais barato, poderíamos disponibilizar os documentos online em vez de centralizar o processo no centro de saúde”, lamenta o pesquisador.