ISSN 2359-5191

08/12/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 115 - Economia e Política - Faculdade de Direito
Copa do Mundo e Olimpíadas já acarretam problemas sociais no Brasil

São Paulo (AUN - USP) - Grupos e entidades envolvidas com monitoramento de construção alertaram sobre decisões na organização dos megaeventos esportivos que ocorrerão no Brasil nos próximos seis anos. Os pronunciamentos foram feitos durante seminário organizado recentemente pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e pela Faculdade de Direito da USP.

Sete das capitais brasileiras que sediarão os jogos na Copa do Mundo, em 2014, foram representadas por entidades populares vinculadas à moradia nos seus respectivos estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Amazonas, Rio Grande do Norte, Pernambuco. Dos estados convidados, apenas a Bahia e o Mato Grosso não enviaram representantes.

Em São Paulo, chama a atenção o pouco caso da FIFA alegado pelos moradores da região próxima ao estádio do Morumbi. Segundo a presidente da Associação de Segurança e Cidadania da Vila Sônia, Butantã e Morumbi, Márcia Vailoretti, a construção do monotrilho prevista na reforma do entorno do estádio para a Copa seria uma alternativa agressiva para o bairro, causando mais de 150 desapropriações. “O processo de discussão do que é melhor para a cidade tem sido imposto. Tem-se muita dificuldade de se conseguir documentos referentes às construções. Não há transparência e as resistências são interpretadas como radicalizações”, reclama. A presidente ainda alertou que os Planos Regionais da cidade [Plano de desenvolvimento urbano discutido e definido em conjunto com a comunidade civil] não estão sendo respeitados. Segundo ela, os locais de discussão sobre a organização dos megaeventos são em seminários fechados realizados pelo Ministério Público, e os ingressos para os debates chegam a R$ 5 mil. “A CBF e a FIFA [que vão a eventos oficiais] simplesmente ignoram a sociedade”, diz.

Outros estados deixaram evidente a ameaça aos trabalhadores informais. Em Manaus, por exemplo, representantes de grupo criado recentemente para acompanhar as construções para os jogos no Brasil dizem que as obras de um monotrilho já estão em andamento. O estádio de futebol da Capital foi demolido para a construção de uma arena multi-uso. Em meio a essas transformações, o grupo alega também que os responsáveis pelas reformas estão fazendo “limpeza de flanelinhas” para privatizar área que servirá como estacionamento durante os eventos esportivos. “Não sei para que um estádio [novo] desse tamanho, se o futebol da Amazônia está na categoria D”, ironizou o representante do grupo de Manaus.

Raquel Rolnik, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e uma das organizadoras do seminário, faz uma boa avaliação do evento: “mais do que participação a discussão trouxe articulação, misturou experiências”. Ela revela que a partir dos comitês populares, a intenção dos grupos é montar uma rede estratégica na web para a formação de um Comitê Nacional ainda sem planos de legitimidade. “Vamos articular estratégias para buscar no Brasil um legado sócio-ambiental na Copa em nas Olimpíadas”.

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