São Paulo (AUN - USP) - A integração regional, comum no mundo todo como acontece com Europa, Ásia, Oceania e América do Norte, possui peculiaridades no contexto da América do Sul. Apesar de uma predisposição evidente, os diversos acordos firmados entre os países que compõem a região são frequentemente sobrepostos uns aos outros e de fraca institucionalização. Muitos nem mesmo são de vinculação obrigatória. “Na verdade, a realidade da nossa condição é uma combinação das duas dinâmicas [acordos e pouca vinculação]”, explica o professor Ricardo Senes, coordenador do Gacint (Grupo de Análise da Conjuntura Internacional da USP).
De acordo com Senes, a situação não afeta a disposição de cooperação entre estes países. “O fato de você ter uma baixa densidade no aspecto vinculatório dos acordos não afeta a constatação de que há uma ação intensa entre os países”, explica. A visão do especialista é apenas uma das diversas presentes no livro "Latinoamérica frente al espejo de su integración (1810-2010)", organizado pela Universidade Nacional Autônoma do México e a Embaixada do México no Brasil juntamente com a USP.
A situação peculiar da região revela que não há uma condição socioeconômica regional, diferindo de outros países. Senes alerta para a deficiência de estudos nesta área e a necessidade de se identificar os parâmetros do fenômeno na região. De acordo com ele, na América Latina coexistem dois fenômenos, com setores muito bem regionalizados de um lado e com setores totalmente divergentes de outro. “Precisamos encontrar um conceito que expresse o fenômeno sem subestimá-lo ou colocá-lo além de nossas reais condições”, ressalta o professor.
De acordo com o professor da USP e árbitro do Mercosul, Wagner Menezes, a América Latina sempre buscou a integração. “A integração nasce antes da América Latina, com o descobrimento deste continente pelos espanhóis”, ressalta. Desde este momento, fundou-se uma tese para mostrar que se descobriu um novo mundo, criando uma nova região que desconsiderava as divisões territoriais tribais. “A invasão espanhola desmantelaria as divisões do continente para criar uma região que não existia”, explica.
Atualmente, a região da América Latina conta com diversos órgãos de integração regional implementados ou em discussão como: CEPAL (Comissão Econômica para América Latina e o Caribe), OEA (Organização dos Estados Americanos), ALADI (Associação Latino Americana de Integração), Unasul (União de Nações Sul Americanas), ALBA (Aliança Bolivariana pra os Povos da América), ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), entre outros.