São Paulo (AUN - USP) - É fato que a população brasileira está mais velha. O Censo de 2010 indica que temos mais de 18 milhões de brasileiros com mais de 60 anos. Este envelhecimento da população é reflexo do aumento da expectativa de vida e da redução da taxa de natalidade. Assim, o crescimento da proporção de idosos no país faz com que aumente a demanda por instituições geriátricas. Com o intuito de saber qual o perfil dos idosos que vivem nessas instituições, Helena Akemi, professora da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP desenvolveu uma pesquisa sobre o tema.
Na região metropolitana de São Paulo existem cerca de 450 instituições geriátricas, enquanto no Estado há 1030 . Nessas instituições há uma predominância de mulheres e cerca de 67,7 % dos residentes tem mais de 80 anos.
A professora concluiu que enquanto cerca de 35 % dos idosos residentes nos asilos são independentes , os principais problemas de saúde que apresentam são : hipertensão 61%, demência 39,3%, incontinência urinária 29,9% e depressão 21,1%. Ingeriam em média cerca de cinco medicamentos ao dia. Com relação ao tempo médio de estada na instituição varia de um a seis anos, porém a pesquisadora encontrou um caso de um idoso que vivia na instituição há 35 anos.
A pesquisadora acredita que há vários fatores que contribuem para uma demanda maior por asilos no futuro próximo. Como exemplo ela cita a queda da taxa da fecundidade que reduz a disponibilidade de cuidadores domiciliares, a participação feminina no mercado de trabalho que retira do domicílio a figura tradicionalmente eleita para os cuidados dos pais ou sogros. Além disso, novos arranjos familiares como mulheres sós, casais sem filhos, filhos que vivem fora reduzem a perspectiva de envelhecimento em um ambiente familiar seguro. Assim, os principais fatores para a institucionalização como morar só , falta de recursos financeiros e rede de suporte precária, são cada vez mais freqüentes no Brasil.
Apesar disto, ainda é bastante baixo o número de idosos brasileiros vivendo nestas instituições. Enquanto nos Países Baixos, o número é de cerca de 10 %, no Brasil no índice é de 0,6 %. A pequena proporção de idosos residentes em instituições se deve sobretudo a insuficiência de vagas, excessivo rigor dos critérios de admissão( já que asilos filantrópicos mantém a maioria dos residentes), e a fatores culturais.
Apesar do Estatuto do Idoso priorizar que a família seja responsável pelo atendimento ao idoso em detrimento do atendimento asilar, existem situações em que é inevitável a institucionalização; como em casos de cuidados especializados, doença temporária do cuidador etc. Portanto, para escolher o melhor local, Helena recomenda a importância de pesquisar se a instituição é oficialmente instituída , observar como os outros idosos estão sendo cuidados, além de analisar a higiene e alimentação que o lugar oferece.