São Paulo (AUN - USP) - O mundo vive uma epidemia de diabetes mellitus tipo 2 (DM2). A doença atinge 150 milhões de pessoas no planeta e a projeção feita pela Organização Mundial de Saúde para o ano de 2025 é de 300 milhões. Devido a grande prevalência do diabetes e seu elevado custo a saúde pública, Patrícia Cruz desenvolveu sua dissertação de Mestrado sobre o tema : Adaptação Transcultural do questionário de risco para diabetes mellitus, com o objetivo de identificar indivíduos com risco de desenvolver a doença e ajudar na prevenção.
O número de indivíduos com diabetes mellitus aumentou nas últimas décadas sobretudo devido ao envelhecimento populacional, ao crescente número de indivíduos obesos e ao sedentarismo. Atualmente, no Brasil, o diabetes representa a terceira causa isolada de mortalidade. Além disso, é a primeira causa de falência renal, cegueira, amputação e disfunção erétil, além de diminuir a expectativa de vida em cinco a dez anos.
Patrícia conta que os sintomas mais comuns são sede extrema, urinar com freqüência e perda de peso. No entanto, a doença muitas vezes pode ser assintomática por vários anos. Assim torna-se fundamental diagnosticar precocemente o DM2. Um questionário de risco rastrearia indivíduos com chances de desenvolver o diabetes tornando-se uma forma de triagem inicial . Infelizmente não há em território brasileiro este tipo de questionário tampouco estudos epidemiológicos que estimem a prevalência de diabetes no Brasil, o que dificulta, desta forma, ações preventivas.
Como no Brasil não há um questionário validado que avalia o risco de desenvolver diabetes mellitus, Patrícia desenvolveu a adaptação transcultural de um questionário em língua estrangeira e o a adaptou para o português. Após a adaptação transcultural realizou um estudo com funcionários do Grupo Accor. A média de idade dos entrevistados era de 37 anos sendo que nenhum participante apresentava diabetes mellitus, já o IMC ( Índice de Massa Corporal) médio era de 26 Kg/ m2 indicando sobrepeso. O questionário foi respondido por email, mostrando que sua aplicação é bastante versátil. As perguntas relacionavam-se com fatores de risco do diabetes, como ter pais ou avós com a doença, ter IMC maior que 25 Kg/m2, não fazer atividade física. Patrícia relata que os entrevistados mostraram surpresas em relação a vários itens. Um deles não sabia por exemplo que a perda de peso pode também estar associada a doença. “ Este dado é bastante curioso para mim, já que normalmente tendemos a acreditar que o mal está apenas ligado a obesidade.” Outro entrevistado conta “ Não sabia que matava tanto, que podia ser assintomática e que emagrecia”. Ao responder a última questão , era calculado o grau de risco do respondente.
A importância de um questionário, portanto, daria-se no sentido de atingir grande parte da população, rastrear os indivíduos com chances de desenvolvera doença informar e sensibilizar a população quanto ao estilo de vida associado aos riscos de desenvolver DM, bem como orientar o individuo a práticas responsáveis pela sua prevenção. Patrícia ainda lembra que o questionário é uma ferramenta prática e de baixo custo, podendo muito bem ser usado em formato online , ou impresso em campanhas nacionais e em postos de saúde.
A mestranda finaliza advertindo que a baixa freqüência de alimentos ricos em fibra, o aumento de gordura saturada e açúcares no consumo somado a um estilo de vida sedentário compõem um dos principais riscos para o desenvolvimento da doença. Portanto aconselha que caso você seja sedentário e tenha um hábito alimentar semelhante ao citado, deve pensar mais sobre a possibilidade de desenvolver o diabetes mellitus.