ISSN 2359-5191

13/12/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 118 - Saúde - Faculdade de Medicina
USP pode ajudar Governo a vencer problema de poluição urbana

São Paulo (AUN - USP) - Enquanto por ano em São Paulo, 1.000 pessoas morrem por causa da Aids e 500 devido à tuberculose, cerca de 4.000 falecem por doenças causadas pela poluição. Do mesmo jeito, os governos e os setores da saúde ainda não veem o homem como vítima da poluição, mas apenas como causador dela. A USP tem capacidade de ter uma visão macro da cidade e de seus problemas. “Suas diversas áreas podem se juntar para mostrar aos órgãos públicos o que está acontecendo e o que pode ser feito para melhorar a qualidade da vida urbana” afirma Paulo Saldiva, coordenador do Inaira (Instituto Nacional de Avaliação de Risco Ambiental) e professor titular do Departamento de Patologia da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP).

Com a destruição da cobertura vegetal, a construção de “cannyons” de prédios e a canalização de rios, o clima de São Paulo muda drasticamente de um dia para o outro. “Não é de se surpreender que passamos de Demônios da Garoa para Atravessei o Egito do Saara”, ironiza o professor. Quem mais paga por essa mudança são os menos favorecidos economicamente, que passam mais tempo no trânsito e residem em regiões de alagamento. A atual agenda ambiental brasileira está voltada para a natureza, mas deixa o ser humano – animal das cidades – longe de seus programas. As empresas não agem onde poluem, ou seja, na cidade. “Para melhorar sua imagem coorporativa apoiam atitudes ambientais, mas continuam prejudicando a saúde do homem” ressalta Saldiva.

Em janeiro de 2009, era para entrar em vigor a Resolução Conama, a 315/02, que visava colocar no mercado o diesel limpo e os catalisadores nos veículos, principalmente em caminhões que no Brasil poluem dez vezes mais que na Europa. Porém, o diesel limpo não foi desenvolvido, fazendo com que a Procone (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) fosse adiada para 2012. O Governo, que deveria garantir que a medida fosse posta em prática, acabou aceitando o que as empresas automobilísticas e petrolíferas acordaram entre si.

Enquanto o mercado e a economia continuam direcionando o destino das ações anti-poluentes nas cidades, a população de baixa renda nada pode fazer para se proteger. Mas instituições, como a USP, podem agir para pressionar a ação dos órgãos públicos. A USP está em quarto lugar no mundo na publicação de artigos sobre saúde pública e poluição do ar. “Ela é localizada no principal ambiente de estudo, a metrópole. Então por que não agimos para exigir mudanças?”, questiona Saldiva. Para ele, a responsabilidade da universidade é dividida em cinco frentes: produção de conhecimento, formação de recursos humanos, parceria com órgãos públicos, exemplo e organização de simpósios para discutir a questão.

O INCT (Instituto Nacional de Ciências e Tecnologia) recebe verba para que noventa pesquisadores estudem o meio ambiente e a saúde humana. O ideal então seria fazer uma síntese dos arquivos científicos, cujo resultado seria um documento que pudesse ser entendido pelos governos e pela população, mostrando o problema e suas possíveis soluções e benefícios. Além disso, a USP deveria ser usada como laboratório de soluções, mas segundo o coordenador do Inaira, ela está longe de ser vista como exemplo. No estacionamento da FMUSP, árvores são cortadas para ceder espaço aos carros; na Cidade Universitária, o transporte público deixa muito a desejar, o respeito ao pedestre não existe e a reciclagem e as formas alternativas de produção de energia, como a solar e a eólica, não são colocadas em prática.

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