São Paulo (AUN - USP) - As pesquisas que buscam a cura do câncer de boca vêm tomando uma nova linha de trabalho na Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Através do estudo das chamadas vias de sinalização da célula neoplásica, que podem ser comparadas ao caminho que a informação percorre para efetivar o desenvolvimento do câncer, os pesquisadores da Odontologia USP tentam bloquear uma das proteínas presentes nestas vias para que a célula doente pare de proliferar.
“Já chegamos a utilizar substâncias químicas para mimetizar estas vias de sinalização e a partir daí desenvolver estudos de bloqueio”, declara o professor Décio dos Santos Pinto Jr.,um dos pesquisadores envolvidos no projeto.
Além da pesquisa direta das vias de sinalização, são realizados experimentos com cultivo de células afetadas pelo câncer de pacientes e estudos moleculares, baseados na extração do DNA e do RNA destas células para observar as mutações e alterações dos genes.
Segundo o professor, uma das causas do câncer seria o fato dos genes supressores de tumor (como por exemplo, os genes P53) estarem mutados no portador da doença. Essa mutação decorre não só de causas internas, como a hereditariedade, mas também de causas externas, como o consumo do tabaco e do álcool. “A grande dificuldade para a descoberta da cura do câncer é achar uma mutação comum a todos os doentes”, declara Décio. Na verdade isso se torna muito difícil, uma vez que o câncer é detectado no paciente quando sua célula neoplásica já sofreu não uma, mas diversas mutações, sendo muito difícil descobrir qual teria sido a mutação inicial, responsável pelo desenvolvimento da doença.
Prevenção
De acordo com pesquisador Décio dos Santos Pinto Jr, 75% dos portadores de câncer bucal fumam e/ou bebem. Isso prova a íntima relação entre tabagismo, álcool e a doença. A exposição excessiva ao sol é também um fator condicionante do câncer labial.
“O piercing na língua, ao contrário do que muitas publicações vêm dizendo, não é um fator causador do câncer”, diz o professor Décio. Segundo ele, não existem pesquisas científicas que comprovem essa afirmação: “É claro que o piercing na língua pode acarretar em diversas patologias bucais mas não no câncer de boca”.