São Paulo (AUN - USP) - O PoliGNU, grupo de extensão da Escola Politécnica voltado ao estudo e desenvolvimento de software livre realizou, no dia 21 de março, uma edição do PAPo (Papo Aberto do PoliGNU). O segundo PAPo do ano abordou o HTML5, novo padrão de websites, e promoveu uma breve apresentação sobre o tema, seguida de debate. No dia 23 de março, foi realizada uma oficina de programação com os conhecimentos expostos na palestra. Os dois eventos são abertos à comunidade USP.
O apresentador do PAPo, Diego Rabatone Oliveira, mostrou aos presentes a história do HTML (HyperText Markup Language), padrão de programação para web recomendado pela W3C, um consórcio internacional aberto a pessoas físicas e jurídicas que estejam interessadas em sugerir padrões de navegação para a Internet. Atualmente, qualquer um pode filiar-se à W3C e sugerir alterações ao HTML e a outros padrões recomendados, como CSS e JavaScript. Os padrões da W3C são apenas recomendados. Cabe aos desenvolvedores optar ou não por segui-los.
As mudanças do HTML5
Criado em 1990 pelo “pai da web”, Tim Berns-Lee, o HTML criou uma rede baseada em hipertextos, ou seja, informações que levam a outras e geram uma rede interativa e interligada. A linguagem desenvolveu-se ao longo dos anos com apoio da comunidade internacional e, em sua quinta versão, concentra-se na acessibilidade e universalidade da Internet. Atualmente, o HTML5 encontra-se em fase de desenvolvimento e deve tornar-se recomendação oficial em 2014.
O HTML5 inclui funções e códigos que facilitam a vida do programador. Com o novo padrão, são necessárias menos linhas de programação para realizar uma mesma tarefa. O resultado são sites muito mais velozes e de criação mais simples. Em vez de utilizar softwares e ferramentas instaladas no computador, o browser (programa que lê e decodifica códigos HTML, como o Internet Explorer) executa as funções diretamente, como exibição de imagens e gráficos 3D em tempo real. “É como se [o browser] fosse o seu computador, mas muito mais interativo”, disse Diego.
O HTML5 aproxima o usuário da web, permitindo-o personalizar e alterar diversos aspectos de um site sem exigir nenhum conhecimento de programação. Um exemplo dado por Diego é a alteração das cores do site com um simples clique do mouse. Um daltônico poderia, neste caso, adaptar um site para que consiga visualizá-lo perfeitamente.
Entre as novas funções do HMTL5 estão reconhecimento de voz, geoposicionamento e estruturas que facilitam a organização do conteúdo do site. O resultado é uma maior relevância em sites de busca como o Google, uma ferramenta importante para negócios. Outro destaque é a ausência de frames, quadros que exibem conteúdo de outra página. Os frames deixam o site pesado e muito difícil de ser acessado, por exemplo, por um deficiente visual que utiliza um leitor de páginas. Para o programa, um frame é apenas uma janela vazia.
O PAPo abordou ainda a questão da privacidade na web. O HTML5 facilita a criação de aplicativos baseados na computação em nuvens (cloud computing), ideia segundo a qual os softwares rodam na Internet e os arquivos são armazenados em servidores remotos em vez do próprio computador. Contudo, isso aumenta a dependência de serviços on-line que guardam dados pessoais cujo sigilo não é garantido. Diego alerta para essa questão: “Por mais insignificante que seja seu documento, ninguém tem o direito de acessar aquilo além de você”. Para o organizador do evento, o HTML5 precisa ser utilizado de maneira correta e com transparência.