ISSN 2359-5191

06/04/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 06 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Ciências Biomédicas
Mosquito da dengue transgênico combate proliferação de vetores

São Paulo (AUN - USP) - No último dia 16 de março, durante a realização do Seminário de Biotecnologia, iniciativa do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, foram apresentados resultados do Programa de Aedes Transgênico (PAT). Coordenado pela professora Margareth Capurro, docente do Departamento de Parasitologia, o projeto estuda a possibilidade de utilizar insetos transgênicos para auxiliar na contenção da doença que atinge a zona tropical, na qual se localiza o Brasil. Os últimos resultados obtidos em experimentos nas Ilhas Cayman já indicam uma redução de 80% dos mosquitos.

Os mosquitos são geneticamente modificados em laboratório com um gene letal que mata a prole na fase de larva. Assim, quando se acasalam, não produzem herdeiros que chegam PA fase adulta e evitam a proliferação da espécie.

A linhagem de insetos com a qual a pesquisa trabalha no momento foi criada por pesquisadores da Universidade de Oxford, na Oxitec (Oxford Insect Technologies), empresa associada à instituição. O programa piloto está previsto para continuar até abril, na cidade de Juazeiro, na Bahia.

A escolha do lugar foi justificada por ser próxima a uma biofábrica, a Moscamed, a qual produz insetos para a agricultura da região. Outros motivos foram o maior alcance social, já que nessa área a dengue é um problema real.

Atualmente, o laboratório tem capacidade para produzir um milhão de ovos por semana, o que ainda não é suficiente para uma área muito grande. Para atender uma cidade como São Paulo ou Rio de Janeiro, seria preciso uma fábrica só com o propósito de produzir os insetos transgênicos, já que a proporção desses mosquitos deve ser de 10 para cada mosquito selvagem devido ao seu tempo de vida reduzido por causa da forte irradiação. “A projeção para uma cidade grande tem que ser muito mais pensada”, alerta a professora.

Além do estudo com os mosquitos, existe ainda uma ação comunitária para informar a população quanto ao projeto e a gente, através de folder, televisão, rádio e encontros com as comunidades.

“A população não entende a genética do que estamos fazendo, mas os mais esclarecidos entendem melhor o que são transgênicos e são contra, por conta da idéia negativa que a palavra transgênico traz”. Apesar disso, o próprio nome do programa diz claramente que os animais utilizados são transgênicos e existe um esforço no sentido de garantir a segurança do programa. Há um processo de regulamentação e avaliação de segurança, e o impacto ecológico é praticamente inexistente, já que o Aedes é um mosquito urbano e não possui predadores, por ser uma espécie exótica que não faz parte da fauna brasileira – o mosquito é proveniente da África. Ou seja, mesmo que a sua população seja reduzida, isso não altera o ecossistema.

A professora enfatiza, ainda, o fato de que o controle genético é um complemento a todas as outras formas de combate à doença, desde a mecânica, como a retirada de criadouros e o uso de telas, até o químico. Embora o uso de inseticidas seja prejudicial a outras formas de vida, é amplamente utilizado em focos de epidemias, por ser a solução mais rápida e eficaz. O controle genético entra em populações que já são pouco numerosas para mantê-las baixas, mas é mais uma forma de combate à dengue, não eliminando as outras formas.

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