ISSN 2359-5191

08/04/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 08 - Saúde - Faculdade de Medicina
Separação de gêmeas siamesas de um ano de idade é bem-sucedida

São Paulo (AUN - USP) - O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FM/USP) realizou, no dia 3 de março de 2011, a cirurgia de separação das gêmeas siamesas Maria Clara e Maria Clarice de Sousa Mesquita. Nascidas no dia 3 de fevereiro de 2010, no Hospital Municipal da cidade de Santa Quitéria, no sertão do Ceará, Maria Clara e Maria Clarice foram transferidas à Santa Casa de Misericórdia do Sobral e, em seguida, para o Hospital Albert Sabin, centro médico que é referência no Nordeste, em Fortaleza.

A condição que dá origem a gêmeos siameses ou, em linguagem médica, “gêmeos xifópagos”, ocorre quando, no útero, o óvulo se divide somente parcialmente, gerando dois bebês cujos corpos são ligados.

Estima-se que ocorra entre uma a cada 80 mil gestações, segundo o New England Journal of Medicine, mas 75% dos casos não sobrevive ao parto. A expressão popular “gêmeos siameses” nasceu do caso dos célebres irmãos Chang e Eng Bunker (1811 – 1874), nascidos no Sião (atual Tailândia), que viveram suas vidas inteiras unidos pelo torso.

No dia 19 de janeiro, a justiça determinou que o governo do Estado do Ceará bancasse as despesas que a família teria com o processo de separação. Em nota, o Hospital Alberto Sabin declarou não possuir infraestrutura para realizar a cirurgia e, no dia 22 de janeiro, as gêmeas foram transferidas ao HC.

As irmãs compartilhavam apensa uma parte do fígado, mas ainda assim o procedimento foi considerado arriscado. “É um órgão que sangra muito”, afirma a anestesista residente, Priscila Fuller, que acompanhou a cirurgia. Apesar da conecção, elas possuíam dois hilos – a parte do fígade de que partem os nervos, a veia, a artéria e o canal biliar. Foi somente necessário, então, que os cirurgiões cortassem a parte em que ocorria a união.

Além disso, foi colocada uma tela – do mesmo tipo que é utilizado no tratamento de hérnias – no abdômen de cada uma das duas para reforçar suas paredes abdominais. Ao que tudo indica, tudo que elas carregarão da cirurgia será uma cicatriz no abdômen.

A situação das irmãs foi considerada excepcional, ainda, por outro motivo: a condição delas não foi diagnosticada no pré-natal. A mãe, Francisca Regina Fernandes de Sousa, e a comunidade médica foram surpreendidos pela condição média rara, que só foi descoberta após o parto em cesária.

Para os cirurgiões e anestesistas, o problema foi decidir se Maria Clara e Maria Clarice deveriam ser tratadas como um só organismo ou dois e, a partir disso, planejar a dosagem de cada medicamento.

Há casos extremos em que irmãs compartilham um corpo mas possuem duas cabeças. Nessa situação, as pacientes são tratadas como um só ser. No caso de Clara e Clarice, como cada uma possuía um sistema circulatório próprio, os médicos tiveram de tratar ambas como pacientes separadas.

Na prática, o esforço e os recursos necessários foram os de duas cirurgias realizadas simultaneamente. “Tivemos de encontrar uma veia em cada criança, administrar os anestésicos separadamente, entubar cada uma e colocá-las em aparelhos de anestesia diferentes”, afirma a residente.

As irmãs já deixaram a UTI e passam bem, mas os médicos ainda não deram previsão de alta.

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