São Paulo (AUN - USP) - O pesquisador Ricardo Fuller, chefe do Ambulatório de Reumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FM/USP), trabalha em uma nova maneira de controlar a osteoartrite, popularmente conhecida como artrose.
A doença é resultado do desgaste lento e progressivo da cartilagem articular – o tecido que recobre a junção entre dois ossos, que tem a função de absorver as forças resultantes de sua movimentação – que com o tempo se torna mais lisa e pode até rachar. Os ossos passam, então, a receber diretamente esses impactos e, por não serem preparados para isso, tornam-se mais enrijecidos. Frequentemente, isso faz também com que haja um desalinhamento nos joelhos do paciente causando os “joelhos em x” ou abertos.
Isso se manifesta na forma de dores no joelho, no quadril, na região lombar ou cervical que são mais intensas durante movimentações – por exemplo, ao sentar numa cadeira ou dela se levanta. Outros possíveis sintomas são um aumento do tamanho das articulações dos dedos das mãos e até mesmo uma sensação de que os músculos estão “rangendo”.
Embora ela não seja uma consequência natural da idade, por ser uma doença que se desenvolve de maneira lenta, a artrite é mais comum em pacientes idosos. Ela pode ser desencadeada, entretanto, por outros motivos, entre os quais destacam-se a obesidade, deformidades do joelho, má postura e atividades que forçam demasiadamente as articulações.
“Aos 60 anos, a artrite acomete 10% da população”, diz o pesquisador. “Esses dados acarretam um imenso custo em termos de saúde pública”. Segundo o INSS, 10,5% dos casos de auxílio doença são consequência da artrite – o que a configura como a segunda doença mais comum nesse tipo de auxílio.
O trabalho do Prof. Fuller consiste no desenvolvimento de uma palmilha que, em conjunto com um estabilizador de tornozelo e um calçado especial que corrigem as cargas anormais que joelhos abertos transportam. Com isso, o desconforto do paciente é atenuado e a função dessa articulação, lentamente restaurada.
A palmilha deve ser confeccionada em serviços especializados, mas seu custo é baixíssimo. O estabilizador de tornozelo é feito de neoprene e tem o formato de uma meia. O calçado é comercialmente disponível, mas deve ter certas características, como por exemplo maciês, solado de borracha e um salto de não mais de 3 centímetros.
Os três itens, embora não substituam medicamentos que carregam consigo efeitos colaterais e exercícios físicos, reduzem sua necessidade. “Isso traz uma vantagem muito grande no dia-a-dia dos pacientes”, afirma o pesquisador. Além disso, a questão do custo é um fator determinante: o conjunto completo custa por volta de R$ 100.
O tratamento deve ser receitado por um médico, preferencialmente reumatologista ou ortopedista, após avaliar se o paciente tem a devida indicação.
Para mais informações: fuller@uol.com.br