São Paulo (AUN - USP) - Sustentabilidade é um tema de fundamental importância nos dias de hoje e deve ser abordado por todas as áreas de estudo. Na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA), as pesquisas sobre o assunto avançam a cada ano e procuram unir diversos departamentos dentro da universidade. Este ano, o professor José Roberto Kassai, coordenador do Núcleo de Estudos em Contabilidade e Meio Ambiente (Necma), está realizando um estudo que procura conciliar o consumo médio de energia em cada estado brasileiro com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), numa perspectiva sustentável.
“O IDH tem uma relação muito grande com o consumo de energia. No país que consome mais energia, maior é a qualidade de vida, educação e saúde” afirma o professor. Segundo ele, o Brasil está abaixo da média mundial de consumo médio de energia por cidadão por dia, que é de 46 mil quilocalorias. O brasileiro consome 29 mil quilocalorias, o americano consome quase 8 vezes mais. Porém, na, China, o consumo médio é metade do brasileiro e, em Bangladesh, a média é ainda pior, representando 4 mil quilocalorias. O professor acredita que “o mundo não pode se espelhar no EUA, mas também não pode ser igual à Índia, África e até mesmo à China”.
O Necma foi formado em 2006 e é composto por professores pesquisadores da FEA, principalmente da área de contabilidade; mas também conta com a colaboração de professores da área de economia, administração e até mesmo de biólogos, físicos e de professores de outras universidades, como a Unicamp. O Núcleo procura, portanto, realizar suas pesquisas de maneira multidisciplinar, pois acreditam que esta é a melhor forma de contribuir para a sustentabilidade. Muitas pesquisas já foram feitas desde 2006, sendo muitas delas publicadas dentro e fora do país. Entre elas, encontra-se o estudo feito sobre o balanço financeiro do mundo, envolvendo medidas de ativos, passivos, externalidades, entre outros. Esta pesquisa obteve ótima repercussão e foi escolhida para ser apresentada no prêmio ECO na Câmara Americana do Comércio.
A ideia de formar o Núcleo surgiu após o a visita do professor José Roberto Kassai ao Japão, onde realizou estudos sobre o assunto. “A partir disso, começamos a estudar a sustentabilidade e verificamos que não só a contabilidade, mas também economia e administração estavam um pouco 'fora' do assunto”. O coordenado afirmou, ainda, que essas áreas de atuação, “provocaram, no século 20, um crescimento muito grande, principalmente com relação ao bem-estar, o que comprometeu os recursos naturais e a própria continuidade do planeta”.
Além do Necma, existem outros núcleos de pesquisas voltadas para o meio ambiente como o Núcleo de Economia Socioambiental (Nesa), coordenado pelo professor Ricardo Abramovay e o Núcleo de Economia Regional e Urbana, coordenado pelo professor Jacques Marcovitch, ex-reitor da USP e presidente da Fundação Bunge. “Existem grupos empresariais que acham que esta questão [da sustentabilidade] está resolvida, com a diminuição do desmatamento, o uso do etanol e as hidrelétricas, por exemplo. Mas ainda temos, sim, que nos preocupar com o assunto”, afirma Abramovay.
Todos esses grupos de pesquisa esperam divulgar os resultados de suas pesquisar atuais em um congresso que será realizado na FEA em julho, aberto a o público. Este será o quinto congresso realizado em conjunto pelos grupos, cujo objetivo é unir todas as áreas de conhecimento para construir uma humanidade mais tranquila e harmônica, além de aprofundar o tema na área de economia, o que não ainda não é visto com tanta frequência. Os temas debatidos nos anos anteriores foram: como viver no século 21, vida e meio ambiente, harmonia entre o ser humano e a natureza e alimentação e meio ambiente. O tema deste ano ainda não foi determinado, mas possivelmente será sobre a erradicação da pobreza. O professor José Roberto Kassai afirma: “Todas as áreas podem ajudar e a gente descobre, cada vez mais, que é uma questão multidisciplinar”.