São Paulo (AUN - USP) - No último dia 23, Dia Meteorológico Mundial, o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG) realizou uma mesa redonda sobre Eventos Extremos e Riscos Climáticos. O tema foram os acontecimentos no Rio de Janeiro neste começo de ano, quando centenas de pessoas morreram em decorrência das fortes chuvas e da falta de ação efetiva do governo.
O Dia Meteorológico foi instituído em 1950, pela Organização Mundial de Meteorologia, com um tema escolhido para cada ano. Neste ano o tema é O Clima para você, ou seja, pretende-se uma aproximação dos meteorologistas com a população. O que as pessoas comuns tem a ver com isso? Qual a aplicação prática da meteorologia?
Por isso nada mais apropriado que discutir um tema atual e que afeta a vida de tantas pessoas como o aumento da intensidade das chuvas no Sudeste, principalmente no Rio de Janeiro. Um problema climático que causa inúmeras mortes todo ano.
Tragédias como a que se sucedeu no Rio ocorrem por causa de uma cadeia que liga o clima e seus eventos extremos, a capacidade que a sociedade tem de prever estes eventos e a movimentação social para sobreviver a eles. É por isso que foram chamados para o evento: a professora do IAG especializada em Ciências da Terra, Maria Assunção Faus da Silva Dias, a pesquisadora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Kátia Canil, e o 1º Tenente da Polícia Militar, Marcelo Kamada.
O papel das pesquisas desenvolvidas pelo IAG nesses casos é descobrir as causas desses fenômenos climáticos que podem provocar danos à sociedade. “A poluição interfere na maneira como as gotas de chuva se formam, com mais poeira, temos chuva de maior intensidade”, explica a professora Maria Assunção. Ela também cita como fatores potencializadores da tragédia a urbanização das áreas de risco e as variações naturais das correntes marítimas.
Já Marcelo Kamada falou sobre as maneiras de se responder a esses eventos. “Fiz considerações sobre os planos preventivos de defesa civil, que vigoram no período da operação verão, e integram diversos órgãos do estado e municípios”.
A pesquisadora do IPT, Kátia Canil falou sobre: “Os problemas dos desastres naturais, trabalhos de mapeamento em áreas de risco e a importância da meteorologia para a análise da deflagração dos processos de escorregamento”.
Mas não é possível esquecer o fator social. “Apesar de todas as contingências naturais o número de mortos seria bem menor caso houvesse uma política de conscientização maior no Brasil sobre a maneira de se comportar em situações de enchente e riscos de deslizamentos”, comenta a professora Maria Assunção (IAG). Seria como o treinamento anti-terremoto dado aos japoneses, trazido ao contexto brasileiro.
“Houve uma cidade em que o prefeito saiu em um carro de som avisando as pessoas que havia risco e muitas mortes foram evitadas”, completa.