São Paulo (AUN - USP) - No dia 9 de abril, foi realizada a segunda edição do Sorria Jardim Capela, um projeto social realizado por alunos da FO, em parceria do Centro Acadêmico com o dentista Carlos Fonseca e a Unidade Básica de Saúde (UBS) na qual trabalha. Foram atendidas cerca de 160 crianças, que participaram de palestras educativas e receberam atendimento clínico.

Eram cerca de 42 voluntários, sendo 15 alunos de odontologia e oito dentistas formados. O evento foi realizado no CEI Jardim Capela, zona sul de São Paulo. Entretanto, a comunidade atendida nessa edição era da Vila Calu, um bairro vizinho. O fundador do projeto, Carlos Fonseca, entrou em contato com a UBS da região. Assim, agentes comunitários de saúde do programa Saúde da Família selecionaram aleatoriamente 250 crianças para participar do projeto, dividindo-as por horário. Foram atendidos dois grupos na parte da manhã e dois na parte da tarde.

O projeto inicia-se com uma palestra educativa que, com uma linguagem facilitada e divertida, procura mostrar à criança a importância de cuidar da saúde bucal, ensinando-lhe o que é cárie, placa bacteriana, e orientando-a sobre como escovar os dentes de maneira correta. “A base de tudo é a palestra. O mais importante é a informação, porque o nosso trabalho aqui é pontual, a gente não vai estar aqui direto. A conscientização e a parceria com os auxiliares de saúde bucal, professores e toda a equipe de voluntários é o que vai dar a continuidade ao trabalho”, diz Tiago Haruo Ferraz, um dos integrantes do projeto.

A etapa seguinte é a evidenciação de placa: os voluntários pingam um corante na boca das crianças, que irá tornar rosa as regiões de acúmulo de placa bacteriana. O índice de placa é anotado, para um posterior levantamento estatístico, a fim de analisar as condições de saúde oral daquela comunidade. A seguir, as crianças são levadas para a escovação assistida: “A gente pega a criança, leva até o espelho e mostra: ‘Oh, onde está rosinha, você não está escovando direito, tem bichinho aí, então tem que escovar melhor!’, e faz a escovação assistida, para mostrar o que ela está fazendo de errado e ver se ela entendeu o que foi explicado na palestra”, diz Jaqueline Vaz, aluna da FO e diretora científica do Centro Acadêmico.

Depois disso, é feito o exame clínico, uma triagem feita pela professora responsável, Inês Buscariolo, a fim de detectar os problemas de saúde bucal da criança, analisando se ela precisa de atendimento e se poderá ser atendida. Casos mais graves são encaminhados diretamente à UBS próxima. Os que podem ser atendidos ali mesmo vão para uma espécie de ambulatório, no qual utiliza-se o método ART –Atraumatic Restorative Treatment (Tratamento Restaurador Atraumático). Por fim, a criança vai para a aplicação tópica de flúor e recebe alguns brindes.

Simultaneamente às atividades com as crianças, os pais podiam assistir a palestras referentes a temas como planejamento familiar e educação sexual, além de poderem fazer testes de glicemia, hipertensão e até um teste rápido para HIV.

Tratamento simples e eficaz
A técnica utilizada, ART, é uma forma simplificada de atendimento, que consiste na remoção do tecido cariado com instrumentação manual. Dispensa o uso de anestesia e de instrumento rotatório, o “motorzinho”, temido por muitos. Consiste basicamente em raspagem, coleta do material cariado, medicação e restauração com um material chamado ionômero de vidro. “Isso é o que a gente chama de adequação de meio bucal”, diz Ferraz. “Adequar é retirar o máximo de bactéria possível da boca, para que o sistema permaneça saudável.”

Início do projeto
O projeto teve início em 2010, idealizado por Carlos Fonseca, dentista da UBS Jardim Capela e ex-aluno da FO: “Percebi que existia uma carência da população, nunca havia sido realizado um projeto social na região. Como ganhei experiência acadêmica, por ter feito alguns projetos com o Centro Acadêmico, percebi que daria para a gente fazer, juntando uma equipe de alunos da FOUSP e uma equipe nossa de dentistas formados, para atender um número de crianças, como já tem sido feito em outros projetos sociais.” Assim, na primeira edição, foram atendidas 110 crianças, tendo 58 delas recebido atendimento clínico.

O projeto foi apresentado ano passado em um encontro de Saúde Pública de Medicina da Família realizado no Anhembi e em um congresso, também da área, ocorrido em Águas de Lindoia. Para este ano, Fonseca almeja não só apresentá-los nesses mesmos encontros, mas, também, em um congresso em Brasília, que será realizado em julho.