ISSN 2359-5191

22/08/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 13 - Saúde - Instituto de Pesquisas Energéticas
Ipen inaugura células para a produção de radiofármacos

São Paulo (AUN - USP) - O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) inaugura oficialmente, às 9:00h da 2ª-feira, as novas unidades de produção de radiofármacos, elementos radioativos empregados no diagnóstico e tratamento de doenças, permitindo uma economia de até US$ 1 milhão por ano com a importação de suas matérias-primas, os radioisótopos. O evento faz parte das comemorações de 47 anos do instituto e contará com as presenças do Ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, e o Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, João Carlos de Souza Meirelles.

Localizadas no centro de radiofarmácia, as células (unidades produtoras de radiofármacos) são resultado de investimentos do programa Projetos de Núcleos de Excelência (Pronex) e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), ambos vinculados ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). O Brasil gasta cerca de US$ 4 milhões por ano com a importação de radioisótopos para a fabricação de radiofármacos, como tálio-201, gálio-67, iodo-131 e gerador de tecnécio-99, que serão produzidos nas novas instalações

Após as unidades de tálio-201, iodo-131 e gerador de tecnécio-99 entrarem em operação, será possível economizar até US$ 1 milhão por ano, ou seja, 25% do total gasto anualmente com a importação de radioisótopos para a produção de radiofármacos. Esse valor se somará aos US$ 400 mil economizados desde o início do funcionamento da célula onde é produzido o gálio-67, que atende a toda demanda nacional pelo produto.

O maior ganho, no entanto, será no que se refere à produção de gerador de tecnécio-99, radiofármaco mais utilizado no Brasil, sendo produzido pelo Ipen desde 1981 a partir de material importado. Seus principais usos estão na investigação de tumores, obstruções renais, problemas pulmonares e hepáticos. Embora sua produção nacional tenha sofrido um aumento de cerca de 130% no período de 1995 a 2002, segundo o superintendente do Ipen, Cláudio Rodrigues, o que mais motivou o desenvolvimento de uma tecnologia alternativa para a produção desse radiofármaco foram as desvantagens apresentadas pelo processo tradicional.

Para que o molibdênio-99, radioisótopo do qual se origina o tecnécio-99, possa ser utilizado, deve-se obtê-lo através da fissão nuclear do urânio em seu isótopo U-235, enriquecido a índices superiores a 20%. Produzir esse material aqui é inviável, na medida em que é necessário um reator nuclear muito potente. Por outro lado, importação do elemento em grandes quantidades é muito difícil, visto que o urânio enriquecido a altas taxas pode ser empregado para fins não pacíficos, como o desenvolvimento de armas nucleares. Além do mais, o processo de separação do molibdênio dos demais produtos da fissão nuclear do urânio é caro e complexo e haveria dificuldades para se dar um destino adequado a esses produtos. Já no novo processo, via gel, o molibdênio é obtido pela irradiação do óxido de molibdênio enriquecido ou de molibdênio natural. Os produtos da reação são apenas o molibdênio e o molibdênio-99, bastando separar este daquele para se obter o gerador de tecnécio-99.

Num primeiro momento, a nova técnica deverá suprir cerca de 20% da demanda nacional pelo produto, podendo atingir 40% num prazo mais longo. Rodrigues ressalta, porém, que é pouco provável que algum dia o Brasil atinja a auto-suficiência na produção do radiofármaco.

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