São Paulo (AUN - USP) - Foi bastante veiculada na mídia uma imagem de um Geoide que mostra a Terra bastante deformada. Um Geoide é um modelo da distribuição da gravidade no planeta, que é exatamente um dos produtos da pesquisa conduzida pelo professor Éder Molina, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP e seus alunos.
Essa área de pesquisa chama-se gravimetria, que é “o estudo da distribuição da densidade da Terra utilizando como meio as medidas da aceleração da gravidade”, segundo a definição do professor Molina. O que significa que a densidade dos materiais do núcleo à crosta, altera a aceleração da gravidade em um determinado ponto. Quanto mais densa for uma área, maior será força com que gravidade puxará os objetos nessa área. Isso provoca aberrações como a do nível do mar, que é 70 metros mais alto no sul da África do Sul que no porto de Belém do Pará.
Com isso são feitos verdadeiros mapas de regiões do planeta (ou do planeta inteiro, como os Geoides) mostrando essa distribuição. É possível encontrar o mapa gravimétrico brasileiro no site do IAG. Esse mapa foi feito utilizando-se de dados não só do próprio IAG como do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), da Petrobrás e de outras universidades como a UFPA (Universidade Federal do Pará).
O mapeamento gravimétrico é importante pelo interesse científico, mas também tem exploração comercial. A gravimetria surgiu durante a Segunda Guerra Mundial, com a necessidade de se mapear os oceanos para os submarinos. Hoje esse estudo é realizado na procura por petróleo e ainda para fins militares.
Gravimetria no Amazonas
Aquela imagem foi feita a partir de dados captados pelo satélite Goce (Gravity Field and steady-state Ocean Circulation Explorer), da ESA (European Space Agency). Ele foi lançado em março de 2009 para obter dados mais detalhados que os existentes a respeito do campo gravitacional da Terra.
O estudante de doutorado do IAG, orientando do professor Molina, Everton Bomfim, está realizando uma pesquisa na qual usa esses dados do Goce para fazer uma modelagem em 3D das Bacias Amazônica e do Solimões. A idéia é comparar essas bacias com outras como as de Michigan e a de Terim. “O resultado poderá permitir futuramente uma classificação das bacias de acordo com seu sinal do campo potencial”, explica Everton.