ISSN 2359-5191

03/05/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 19 - Ciência e Tecnologia - Escola Politécnica
Amyr Klink ministra palestra na Poli
A apresentação foi voltada aos alunos de Engenharia Naval

São Paulo (AUN - USP) - O explorador e velejador Amy Klink realizou, na tarde do dia 2 de maio, uma palestra exclusiva para os alunos da Escola Politécnica. Amyr destacou, além de suas diversas experiências com travessias e circunavegações, as necessidades do mercado de estaleiros no país.

O aspecto técnico permeou toda a apresentação, que contou com uma pequena descrição das principais aventuras de Amyr. Ao narrar os preparos e os desafios enfrentados em suas viagens, Amyr fazia questão de ressaltar as qualidades de construção que tornavam cada embarcação adequada para aquele fim enquanto apontava as soluções de engenharia, algumas que inclusive seriam consideradas “erradas” pelos alunos.

Para ilustrar a necessidade do contato prático com o produto, Klink destacou a concepção de embarcações na metade do século passado por franceses e americanos. Enquanto americanos desenhavam seus barcos de maneira mecânica e quadrada, “quase burra”, como disse Amyr, os franceses ousaram, experimentaram e desenvolveram embarcações únicas, que permitiram diversas conquistas, inclusive a travessia do Atlântico em um barco a remo. “Faz um grande diferença ter a convivência com o assunto”, destacou Klink.

Apesar de voltada aos engenheiros navais, a palestra apresentou aspectos interessantes do urbanismo de Paraty, cidade portuária na costa fluminense. “A cidade é um exemplo de que a experiência prática é muito importante”, disse Klink, que explicou como os portugueses utilizaram conhecimento prévio ao desenhar a cidade. As ruas de Paraty foram construídas abaixo do nível do mar, sendo naturalmente lavadas pela maré alta. As mesmas ruas também se estreitam conforme se aproximam da costa, para dificultar a fuga de ladrões e saqueadores.

Além de contar sobre a concepção das embarcações, fase da qual sempre participou ativamente, Klink destacou a importância dos registros das viagens para criar o interesse pela exploração. Amyr, que também é escritor, contou que grande parte de sua vontade de viajar até o continente antártico vinha dos relatos deixados pelos pioneiros como Roald Amundsen, líder da primeira expedição a atingir o Pólo Sul utilizando trenós puxados por cães, em 1911-1912. “A história do continente antártico é muito bonita, foram homens pioneiros que souberam registrar sua história”, disse Amyr.

Uma vida de viagens
Amyr Klink é mundialmente conhecido por suas travessias marinhas. A mais conhecida ocorreu entre 10 de junho e 19 de setembro de 1984, quando o explorador saiu da Namíbia e chegou à Bahia pelo Atlântico utilizando apenas um barco a remo. A empreitada deu origem à obra “Cem dias entre céu e mar”, obra mais conhecida de Klink.

Para a travessia, Klink buscava desenvolver, com a ajuda do IPT, um barco incapotável. Após dois anos de trabalho, um engenheiro da Poli aconselhou-o a fazer justamente o contrário: um barco que capotasse tão facilmente que pudesse ser rapidamente reaprumado. Surgiu o I.A.T., que cruzou as 3.700 milhas que dividem África e Brasil.

Outra expedição que Amyr fez questão de destacar foi sua invernagem em 1990. O explorador partiu no dia 31 de dezembro de 1989 à bordo do Paratii, um barco desenhado para ser aprisionado no gelo e não quebrar. O barco, com autonomia completa, encalhou na Antártica, onde Amyr passou 13 meses sozinho, lidando com desafios como produzir água a partir de neve.

Contudo, o maior problema de Amyr foi administrar o tempo. Responsável por todas as tarefas domésticas do barco, já que estava sozinho, Amyr dedicava a maior parte de seu tempo a atividades como derreter neve, que eventualmente congelava de novo. A experiência fez Amyr perceber a importância das diversas pessoas que estão inseridas em nosso cotidiano mas que não vemos. “Sozinhos, percebemos a ausência dos outros”, lembrou Amyr.

Os alunos da Poli disseram ter aprendido muito com a palestra. “É bom ter a opinião de alguém que depende da nossa atividade em seu dia a dia”, destacou Henrique Aoki, 20 anos, do terceiro ano de engenharia naval. Já Fernando Laranja, membro do Grêmio de Vela da Poli, sentiu-se motivado para praticar o esporte: “A palestra foi ‘animal’, parabéns à Poli pela organização do evento”.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br