ISSN 2359-5191

05/05/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 21 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Biociências
Laboratório do IB tem como foco o estudo das algas marinhas

São Paulo (AUN - USP) - Consideradas por muitos os verdadeiros “pulmões do mundo”, já que cerca de 90% do oxigênio presente na atmosfera terrestre é gerado pelo seu processo de fotossíntese, as algas também possuem inúmeros fins industriais. No entanto, ainda há muito para se conhecer sobre esses seres. O Laboratório de Algas Marinhas Édison José de Paula – L.A.M, do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências da USP (IB), trabalha há mais de uma década desenvolvendo pesquisas sobre o assunto.

A mais recente delas, ainda em andamento, pretende a avaliar como as microalgas, ou seja, algas pluricelulares e marinhas, respondem frente a condições de estresse abióticas, como excesso de nitrogênio, de luminosidade, de radiações solar e ultravioleta, além de seu comportamento quando ocorrem alterações no pH das águas.

Segundo a pesquisadora Fanly Fungyi Chow Ho, o entendimento desses mecanismos de defesas químicas das algas tem vistas para projeções na aplicação dessas algas como produtos farmacológicos ou alimentícios, por exemplo. “Dependendo da resposta que a alga tiver à condição de estresse, é possível visualizar diferentes frentes de visualização dessa matéria prima”, diz.

Primeiros resultados
Os estudos já apresentam as primeiras respostas. Quando expostas a intensidades elevadas de radiação solar, as rodófitas, as algas vermelhas, utilizadas nos experimentos, produzem compostos antioxidantes. Tais compostos podem ser aproveitados pela indústria farmacêutica na fabricação de cremes, loções, protetores solares, entre outros.

Já quando submetidas a condições de excesso de nitrogênio, as algas vermelhas tendem a produzir mais substâncias de reserva e armazenamento, ou seja, ficam com mais amido, mais aminoácidos e mais proteínas. Nesse caso, elas poderiam ser aproveitadas na indústria alimentícia, tanto para o consumo direto humano, quanto para serem utilizadas na produção de rações para animais.

De acordo com Fungyi, os próximos testes a serem feitos em laboratório, envolverão fatores como radiação ultravioleta e queda no pH da água e deverão acontecer nos próximos dois anos.

Fatores Ambientais
Os fatores de estresse observados nas pesquisas simulam mudanças a que as algas estariam sendo expostas naturalmente no meio ambiente, porém, de forma gradual e a longo prazo. As maiores incidências de radiação ultravioleta, por exemplo, vem sendo observadas, sobretudo, em locais mais extremos, como o sul da Antártica ou Ártico, nos quais a camada de ozônio já foi bastante reduzida.

O excesso de nitrogênio nas águas é outro exemplo facilmente identificado em condições normais do ambiente. O fenômeno, chamado de eutrofização, é causado através da descarga de efluentes agrícolas, urbanos ou industriais nos rios e oceanos e causa um aumento excessivo das algas, o que tem como consequência, a diminuição do oxigênio dissolvido na água, provocando a morte dos peixes. É o que aconteceu, por exemplo, na Represa de Guararapiranga.

Outras aplicações
Vários produtos que nós utilizamos contêm derivados de algas, como, pasta de dentes, gelatina, sorvete. Segundo Fungyi, uma das maiores dificuldades no que diz respeito a uma maior utilização desses derivados, é que sua produção ainda é pouco restrita. “Existe uma série de outros componentes químicos que as algas produzem, muito particulares, que não é possível encontrar em qualquer lugar, que não é possível sintetizar, produzir artificialmente.”

Ela ainda compara os mercados de algas da América Latina com os da Europa e da Ásia. “Tanto as algas utilizadas in natura, sem nenhum processamento maior, quanto os derivados, têm bastante mercado, principalmente fora da América Latina, que não tem o costume, a cultura de consumir algas”, explica. “Geralmente, consomem derivados, como cerveja, mas ter uma indústria forte em algas, a América Latina não tem. Essa indústria está principalmente na Europa e na Ásia, tanto que até uns cinco anos atrás, muitos estrangeiros levavam embora uma série de algas da América Latina para serem cultivadas e estudadas fora,” conta. “Agora é uma coisa mais restrita por causa das legislações de biossegurança. Antes, isso era levado sem nenhum controle, agora é considerado pirataria biológica.”

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