ISSN 2359-5191

06/05/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 22 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Odontologia
Uso de células-tronco abre possibilidades para a Odontologia

São Paulo (AUN - USP) - A FO está prestes a colocar-se na vanguarda das pesquisas com células-tronco. Já foi aprovada, com recursos financeiros disponibilizados pela Reitoria USP, a construção do laboratório de cultivo de células-tronco em odontologia, inédito no Brasil. Além de ampliar o campo da pesquisa científica, possibilitará parcerias com grupos internacionais que estudam a área, bem como manter o intercâmbio já existente, sob coordenação da professora Andrea Mantesso, com o King’s College London, na Inglaterra, uma das instituições de pesquisa mais importantes na área.

Células-tronco e Odontologia
O desenvolvimento da Odontologia em relação à bioengenharia e às células-tronco é animador. As células-tronco dentárias apresentam propriedades similares às de células-tronco mesenquimais da medula óssea, que dão origem às células do sangue, dos vasos sanguíneos e dos tecidos ósseos, e têm sido obtidas de polpa, ligamento periodontal e papila apical de dentes humanos. Possuem a capacidade de se transformar em células ósseas (osteoblastos), células gordurosas (adipócitos), células musculares e células nervosas.

A professora Andrea Mantesso, do Departamento de Estomatologia da FO, explica que, didaticamente, pode-se dividir o uso das células-tronco dentais em três grupos principais: uso para restauração de perda parcial de tecido dental ou de suporte - repopulação da polpa, aumento de tábua óssea, tratamento de tecidos periodontais, entre outros; utilização para restauração de perda total do dente - células-tronco são usadas para a construção de um dente em laboratório que, posteriormente, será transplantado na boca; e uso para a formação de tecidos não dentais - recuperação de isquemia cardíaca, reparação de lesões na retina, entre outros.

As pesquisas apontam para futuras terapias nas diversas especialidades odontológicas. Ainda não há ferramentas adequadas para promover uma regeneração dental do esmalte ou dentina, mas a técnica da engenharia tecidual coloca tal possibilidade ao alcance em um futuro talvez próximo. Andrea, em entrevista à Revista da APCD [Associação Paulista dos Cirurgiões-Dentistas], ressalta: “Como na Odontologia ainda não há nenhuma pesquisa aprovada pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] que se encontre em fase clínica, é difícil dizer quando o uso das células-tronco chegará aos consultórios dos cirurgiões-dentistas brasileiros. No momento somente temos resultados de pesquisas laboratoriais, que, apesar de muito promissoras, ainda precisam ser mais bem avaliadas e aprofundadas antes do uso em humanos.”

Entretanto, a docente acredita que, contanto que tenham o treinamento e a estrutura necessários para lidar com esse tipo de material em seus respectivos consultórios, todos os profissionais da Odontologia poderão trabalhar com células-tronco.

Custos de tratamentos
O tratamento com células-tronco abrange numerosos procedimentos diferentes. Portanto, cada forma de tratamento terá um custo específico. Na mesma entrevista, Andrea aponta: “Não podemos deixar de levar em conta que um laboratório de células-tronco, com o nível de segurança necessária para a manipulação de células humanas, é bastante dispendioso e esse custo será embutido no preço de um futuro tratamento. No entanto, as universidades, provavelmente, poderão disponibilizar esse tipo de tratamento ao público mais carente sem qualquer custo para o paciente. É óbvio que isso vai depender da regulamentação por parte de órgãos governamentais, como a Anvisa e o SUS [Sistema único de Saúde].”

É importante salientar que, atualmente, a odontologia se baseia no uso de materiais artificiais, substituindo tecidos biológicos perdidos ou lesionados. As pesquisas com células-tronco sinalizam uma mudança desse paradigma que perdura há vários séculos. Assim, em futuro breve, as células-tronco poderão ser utilizadas na substituição de estruturas perdidas ou mesmo na confecção de um dente natural em laboratório. Dessa forma, a FO tem a oportunidade de sair na frente, sendo uma das pioneiras não só no campo científico, mas na aplicação desse conhecimento, utilizando-o para fins clínicos.

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