ISSN 2359-5191

27/08/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 14 - Educação - Faculdade de Saúde Pública
Latas de tinta viram câmeras fotográficas

São Paulo (AUN - USP) - Latas de tinta transformadas em câmeras fotográficas podem mudar o mundo, ou pelo menos a forma de percebê-lo. É o que mostra, na prática, o trabalho da organização ImageMagica, e é o que o professor Ricardo Werner Sebastiani, mestrando pela Faculdade de Saúde Pública da USP, tenta provar em sua tese.

O projeto “Olhar São Paulo”, idealizado pela ImageMagica, da qual Sebastiani faz parte, quer propor a 600 jovens da cidade uma reflexão sobre o espaço em que vivem. Para obter respostas, eles construirão suas próprias câmeras fotográficas a partir de simples latas de tinta vazias. O processo retoma a essência da fotografia, como em seus primórdios, e incentiva, além da observação do espaço, reflexões sobre áreas como Física, Química e História.

Tudo começa com a criação de cinco núcleos, chamados Escolas do Olhar, onde serão ministrados cursos de fotografia, com duração de seis meses. Os resultados deste trabalho de reflexão serão apresentados à cidade na forma de cartões postais, livros e exposições. Estão previstas mostras regionais e, no final, uma grande exposição que fará parte das comemorações dos 450 anos da cidade de São Paulo. Para dar prosseguimento, uma parcela dos jovens ainda deve ser capacitada a atuar como multiplicadores, levando o conhecimento adquirido a outras escolas e até mesmo a professores da rede pública.

Criada pelo fotógrafo André François, a ImageMagica realiza oficinas de fotografia no Estado desde 1995. A organização desenvolveu até um ônibus-laboratório, para levar as oficinas a todo o país, idéia que deve ser encampada em breve. O “Olhar São Paulo” é resultado desse trabalho, cuja metodologia já foi premiada pela Organização Pan-americana de Saúde, ligada à ONU. O projeto também tem o apoio da Unesco e da Prefeitura Municipal de São Paulo, e segue as propostas da Organização Mundial da Saúde para a promoção da educação de crianças e adolescentes.

Como pesquisador, Ricardo Sebastiani quer avaliar a eficácia do projeto. Para isso, deve percorrer caminho semelhante ao dos jovens fotógrafos: a partir da prática, chegar à reflexão. Seu principal objetivo com a tese é criar uma ponte entre a academia e a sociedade organizada em torno da saúde. Também pretende dar base teórica aos trabalhos, para torná-los mais eficientes. O projeto se orienta pelas idéias do pensador Paulo Freire, que acreditava no potencial transformador da educação. Segundo Freire, o educador deve instigar o aluno a buscar dentro de si as formas com as quais pode intervir na sociedade.

O público-alvo do “Olhar São Paulo” é composto por jovens carentes de 16 a 20 anos, moradores das cinco zonas urbanas do município. Para Sebastiani, jovens nestas circunstâncias estão expostos a uma série de conflitos sociais; com o projeto, descobrem-se capazes de interagir com o mundo em que estão inseridos e podem atuar como agentes transformadores em suas comunidades.

Ricardo Sebastiani é psicólogo, especialista em Psicologia da Saúde, e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e da Universidad de Concepción, no Chile. Coordena o Centro de Estudos e Pesquisas em Psicologia da Saúde, em São Paulo.

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