São Paulo (AUN - USP) - Em seminário recentemente organizado pelo programa de pós-graduação em Biotecnologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), a pesquisadora Mariana Veras, do Instituto Nacional de Análise Integrada do Risco Ambiental (Inaira) e do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FM) da USP, falou sobre efeitos de poluentes não só sobre o sistema respiratório humano, mas, também, sobre o sistema reprodutivo e a gestação.
O seminário, voltado para a questão da poluição e suas consequências, apresentou resultados de experimentos com camundongos que mostram que os danos à saude causados por poluentes vão além dos problemas respiratórios, que geralmente são mais associados com a poluição do ar.
Diariamente, nos expomos à poluição por meio de atividades simples como respirar, comer, além do contato da pele com o ambiente. Em 2008, a quantidade de monóxido de carbono liberada por automóveis chegou a 1,5 milhão de toneladas, e a de material particulado, 30 mil toneladas. Material particulado é uma mistura de sólidos e líquidos produzidos direta ou indiretamente, de tamanho e composição variável de acordo com a origem, e é o poluente mais associado a desfechos negativos.
O que as pesquisas mostram é que, além dos problemas já citados, a exposição à poluição pode comprometer a gestação, causando malformações congênitas, baixo peso e prematuridade. A exposição durante a primeira semana de gestação é determinante para o baixo no caso de camundongos. No entanto, quanto a humanos, não existe um consenso entre os especialistas.
Outro problema apontado foi a queda da fecundidade e pior qualidade do sêmen. Devido a alterações morfológicas nos espermatozóides, a proporção sexual sofre um desequilíbrio, fazendo com que haja mais indivíduos do sexo feminino, válido tanto para camundongos quanto para humanos.
A pesquisadora chamou a atenção para a ação diária de todos para evitar problemas ligados à poluição. “Os eventos que observamos acontecem mesmo se a gente estiver dentro do nível recomendado como aceitável [pela Organização Mundial da Saúde, 10 mg/m³], e cada um de nós precisa fazer algo para ajudar.”