ISSN 2359-5191

11/09/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 15 - Saúde - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Veterinária ensina comunidade a evitar contaminação de alimentos

São Paulo (AUN - USP) - Já faz algum tempo que a Universidade de São Paulo vem desenvolvendo projetos em busca de uma maior integração com as comunidades vizinhas, apesar de normalmente ser acusada de não dar a devida atenção a elas. Uma das iniciativas desenvolvidas, recentemente, junto à vizinhança da USP foi realizada por um núcleo de pesquisa da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia.

A professora Simone de Carvalho Balian e sua mestranda Paula Praxedes estão conduzindo um projeto no Jardim São Remo (favela que fica ao lado da USP). O primeiro estágio, feito entre maio e novembro de 2001, teve como principal objetivo “fazer um diagnóstico educativo a respeito do que se sabe sobre higiene e conservação dos alimentos no comércio e entre a população da comunidade São Remo”, diz Paula.

Para descobrir quais eram os hábitos dos moradores da São Remo, foram distribuídos 66 questionários aos comerciantes e 240 para o restante da população. Além disso, foram colhidas 40 amostras de alimentos desses estabelecimentos, tais como pastéis, coxinhas, queijo (tipo requeijão do Nordeste), carne de frango temperada e a abatida na hora, carne moída, carne seca. Produtos sujeitos a um alto grau de contaminação devido à manipulação ou armazenamento inadequados.

Apesar de se tratar de uma comunidade carente e que não tem acesso a informações básicas sobre higiene e sobre a ação de agentes patológicos que podem ser transmitidos pelos produtos de origem animal, poucas amostras tiveram problemas sérios de contaminação. Um dos alimentos com problemas foi a carne moída, que apresentou um número elevado de coliformes fecais. O único resultado que surpreendeu as pesquisadoras foi o requeijão do Nordeste. “A amostra de requeijão do Norte fatiado apresentou uma contagem realmente alta de staphylococcus aureus, risco potencial de intoxicação”, de acordo com Paula.

A idéia é que, a partir desses resultados, seja elaborado um processo de conscientização e educação da comunidade. Por enquanto, o único trabalho realizado na São Remo, com base na pesquisa dos hábitos de seus moradores, foi a distribuição de informes para a população, além dos laudos laboratoriais que foram entregues aos comerciantes. “Eu distribuí folhetos para os comerciantes que colhi amostra, e expliquei que as bactérias podem estar em todo o lugar! Quando eu entregava o laudo de analise junto com o folheto, os comerciantes mostravam-se no geral bastante interessados e surpresos de ver que o alimento pode mesmo ter contaminação, sugeri o que podia ser feito para melhorar”, conta Paula.

Paula ainda está escrevendo sua tese e mais pra frente o projeto pretende se estender a outras comunidades carentes, já que intoxicação alimentar é um problema muito corriqueiro. “Essa é só uma etapa de um projeto maior. De repente, em cima desse diagnóstico é possível produzir um material que possa ser utilizado em outras comunidades, mas sempre é necessário observar as peculiaridades de cada uma, pra que não vire só mais um folheto ou só mais uma palestra. A idéia é que a comunidade participe ativamente disso” diz.

Outro serviço, dentro da proposta do projeto, é a análise laboratorial de alimentos, que está disponível para qualquer pessoa e é responsabilidade da professora Simone. A análise pode ser requerida no departamento de Medicina Preventiva e Saúde Animal (VPS). Telefone para contato: (11) 3091-7653.

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