São Paulo (AUN - USP) - Um grupo de professores do Instituto de Física da Universidade de São Paulo apresentou uma nova grade curricular alternativa para o curso de Bacharelado noturno em Física, que deixaria de existir nos moldes atuais. Pela nova proposta, três cursos, que teriam entrada independente pelo vestibular, seriam criados para o Bacharelado em Física Aplicada: Ciência e Tecnologia Nucleares, Física de Materiais e Física Médica e Biofísica. A proposta surge como uma alternativa à da apresentada pelo CoC – B (Comissão Coordenadora do Bacharelado em Física), que defende uma reorganização dos cursos matutino e noturno, com eliminação de créditos, de superposições de conteúdo, de algumas habilitações e uma revisão das abordagens didáticas adotadas. Enquanto esta proposta não altera radicalmente a grade e a orientação do curso, a outra pretende exatamente isso.
Uma das críticas que se faz ao modelo atual e à proposta do CoC é justamente referente ao direcionamento dado aos discentes. Alguns alunos e professores consideram o curso excessivamente voltado para a carreira acadêmica, prejudicando aqueles que desejariam uma formação mais pragmática. Não só, a desistência no Bacharelado noturno está em patamares críticos faz algum tempo, já tendo chegado a 80%. Na opinião de Gabriela Camargo Campos, diretora do Cefisma (Centro de Estudos da Física e da Matemática – Centro Acadêmico), o problema da evasão é especificamente problemático no curso noturno por conta do perfil geral dos alunos, que em muitos casos trabalham ou até sustentam a família, e dificilmente teriam possibilidade de seguir uma carreira acadêmica.
Pela nova proposta, os cursos noturnos seriam mais voltados ao mercado de trabalho, visando à introdução dos alunos em empresas e hospitais, entre outros. Tanto é que no encerramento do curso o aluno deverá escolher entre um dos três programas de conclusão. São eles o programa de estágios, o programa de iniciação científica e o programa de monografia. Ao final do programa escolhido o aluno deve entregar um relatório sobre o desenvolvimento das atividades que será apresentado a uma banca.
Se por um lado a proposta alternativa parece ser mais inovadora e dinâmica, por outros recebe críticas severas. Uma delas é a de que o ingresso em separado no vestibular força o estudante a optar precocemente pelo seu ramo de atuação profissional. Outra, é a de que o projeto propõe poucos créditos para disciplinas optativas, aproximadamente 10% do total, enquanto a proposta do CoC prevê cerca de 25%.
A comunidade do Instituto de Física ainda está um tanto indecisa. Os professores e alunos consultados sempre ressaltavam pontos positivos de ambas propostas O único consenso que existe em relação a esta questão é o de que a reforma curricular precisa acontecer, e o mais rápido possível.